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Ganhando cada vez mais, graças ao modelo mercadológico criado em torno do futebol, tanto jogadores quanto treinadores estão em baixa no Brasil. E não é apenas por causa da humilhação nas goleadas finais sofridas para Alemanha e Holanda na Copa, mas pelo retrospecto técnico do futebol apresentado pelas nossas equipes.

Se a safra de jogadores não é das melhores e os mais destacados foram jogar no exterior onde se paga mais, a geração de treinadores também deixa a desejar. Outro dia, conversando com Borba Filho, um dos mais profundos conhecedores da matéria e que não encerrou a carreira no nível que deveria, por questão de temperamento e injustiças praticadas por dirigentes, veio à tona a quantidade de profissionais competentes que não receberam as glórias que fizeram por merecer.

Tive o privilégio de conhecer alguns dos melhores técnicos do futebol brasileiro, que, entretanto, jamais ganharam a oportunidade merecida, enquanto que outros apenas pelo bom relacionamento na CBF, como Claudio Coutinho e Lazaroni, estiveram no comando da seleção em Copas.

Elba de Pádua Lima (o Tim), Rubens Minelli e Enio Andrade foram mestres na arte de descobrir talentos, preparar times e conquistar títulos importantes. Tim era observador, inventivo e ousado, enquanto que Minelli foi organizado e aplicado no trabalho. Enio, em sua passagem pelo Coritiba na conquista do título de 1985, revelou-se simples, objetivo e prático.

Havia nele uma intimidade de palavra e bola que favorecia sua autoridade espontânea sobre os jogadores. Quem se atreveria a duvidar que é mesmo ‘assim que se deve bater na bola’, ou fazer um passe com a ‘face interna do pé’, ou simplesmente ‘esperar pacientemente pelo passe’. Afinal Andrade era capaz de fazer tudo isso melhor do que qualquer outro.

Nessa toada, recordo-me de um treino do Atlético na boa campanha do Brasileiro de 1996, quando por pouco não chegou às finais, quando Evaristo Macedo exercitava alguns jogadores no fundamento das cobranças de falta.

Como ninguém demonstrava habilidade suficiente, chutando a bola longe das metas guarnecidas por Ricardo Pinto e Flávio, em sistema de rodízio, Evaristo, que foi craque como poucos – o primeiro brasileiro a brilhar no Barcelona – ajeitou a bola no bico direito da grande área, chamou a atenção de todos e meteu no ângulo.

Repetiu mais três vezes e encerrou o treinamento.

Os treinadores de hoje em dia recebem verdadeiras fortunas e apresentam espetáculos de segunda categoria, com as raras exceções que servem apenas para confirmar a regra.

Falam demais e produzem de menos, inventando chavões para justificar as derrotas, tipo "não tem mais jogo fácil" ou a expressão sinônima "não tem mais time bobo por aí" – outro bordão criado pela falta de imaginação dos "professores".

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