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Conhecendo os modos dos cartolas do futebol mundial não surpreendeu a nova reeleição de Joseph Blatter na presidência da Fifa, sexta-feira (29), em Zurique. Nem mesmo a jogada ensaiada entre a polícia da Suíça e a justiça dos Estados Unidos intimidou homens acostumados a desafiar os costumes e o bom senso nos países em que operam.

O comitê de ética da federação internacional baniu provisoriamente alguns indivíduos acusados pelas autoridades americanas de integrar um esquema de enriquecimento ilícito envolvendo organização, comercialização e transmissão de eventos esportivos.

Entre eles o cartola José Maria Marin, que não realizou nada relevante pelo futebol, e que se destacou por ter surrupiado uma medalha durante cerimônia de entrega de prêmios na Taça São Paulo de Futebol Junior. Pois a antiga raposa política, que chegou a ocupar o cargo de governador do estado de São Paulo, concluiu as obras da nova sede da CBF e colocou o próprio nome no edifício.

Preso em Zurique, o ex-presidente da CBF e membro da mais alta entidade do futebol teve o desgosto de saber que o sucessor e fiel escudeiro, Marco Polo del Nero, mandou limpar a fachada do suntuoso prédio na Barra da Tijuca.

Só que não adianta apagar os nomes dos personagens envolvidos no maior escândalo da centenária história do futebol mundial. Com essa gente permanecendo no comando, ninguém deve esperar grandes transformações. Se tudo caminhasse de acordo com o figurino da legalidade, seria necessário um saneamento básico, equivalente ao da limpeza das estrebarias de Áugias.

Segundo a mitologia grega, Áugias foi um rei que se tornou famoso por seus estábulos, que guardavam grande número de bovinos e jamais haviam sido limpos. Foi o quinto dos trabalhos de Hércules.

Das estrebarias reais, diz o mito, exalava imensa fedentina e Hércules assumiu a tarefa de fazer a faxina em um só dia, para ganhar em troca 10% do rebanho. A façanha foi realizada por meio do desvio do Rio Alfeu que, por algumas horas, passou pelas estrebarias e deixou tudo asseado.

A sujeira mais grossa do futebol está hoje concentrada na Fifa e em suas correspondentes nos cinco continentes. Quem deu o pontapé inicial no sistema de corrupção da entidade que controla o esporte mais popular e mais rentável do planeta foi João Havelange.

Para derrubar o inglês Stanley Rous da presidência da FIFA, o brasileiro recorreu aos patrocinadores de grande porte que arrebanharam os votos pelo mundo afora a peso de ouro.

Derrotado, Stanley Rous declarou: “Não tive forças para enfrentar um conglomerado de interesses. Sou um simples funcionário aposentado dos correios reais da Inglaterra”. O resto é história. E história rica em subornos, falcatruas, politicagem e jogo de interesses.

O futebol está precisando da passagem de um rio saneador.

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