Como é do conhecimento geral, nosso futebol não anda lá muito bem servido de bons jogadores. Ao contrário, eles são poucos, nós os contamos nos dedos das mãos, e mais raros ainda são os bons atacantes obrigados a criar – atividade muito mais difícil do que destruir.

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E as últimas revelações do Santos foram esnobadas pelo técnico Dunga.

Sempre que ganhou um título mundial e contou com rica coleção de goleadores para a Copa seguinte, o Brasil embarcou com a coroa de favorito. E sempre voltou derrotado. Ao contrário, quando seguiu escorraçada pela crítica e sob o manto da dúvida, a seleção surpreendeu e arrebatou o título, como nas campanhas do tetra e do penta.

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A única vez que a equipe brasileira viajou como favorita e retornou campeã foi na conquista do tri, no México. Mas ali se encerrava a geração de ouro do bicampeonato mundial, tendo Pelé como remanescente entre jogadores do mais alto nível técnico que surgiam na formação do poderoso ataque.

Eram tantos craques que, para encontrar lugar para Rivelino, o técnico Zagallo teve de improvisá-lo como ponta esquerda sacrificando Edu, do Santos, no auge da forma, e Paulo César, do Botafogo, como suplente.

Rogério era o ponteiro direito do Botafogo, mas na seleção o titular foi seu companheiro Jairzinho que compôs a linha ofensiva com Tostão, Gerson, Pelé e Rivelino.

Nas copas seguintes em que saímos vencedores, tivemos duas senhoras duplas de ataque: Romário e Bebeto; Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho. Desta feita, todos os olhares estão voltados para Luís Fabiano, Robinho, Nilmar e Grafite.

Pois são os atacantes que sofrem mais do que qualquer outro no enfrentamento com os esquemas defensivos cada vez mais fortes, para não falar na violência.

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De outro lado, para conter o ímpeto dos ataques mais badalados do momento – Argentina, Espanha, Inglaterra e Holanda –, os brasileiros contam com a segurança de Júlio César, apontado como o atual melhor goleiro do mundo e o compacto sistema defensivo criado à imagem e se­­melhança do técnico Dunga.

São contrastes que enriquecem o debate, aquecido pelas ausências na convocação de alguns jogadores que, no plano individual, poderiam aumentar a capacidade ofensiva e, sobretudo, criativa da seleção.

A verdade é que o sentimento do torcedor é de confiança no esforço dos jogadores e nas possibilidades de uma trajetória a ser cumprida com aplicação tática e doação física do grupo. Mas sem qualquer resquício de favoritismo.

Isso pode ser bom na medida em que aumenta a responsabilidade de todos os profissionais que se despedem de Curitiba, onde realizaram exames médicos e testes físicos sob uma temperatura próxima da que enfrentarão em Johannesburgo.

Parte a seleção brasileira com o carinho da torcida que saberá reconhecer o esforço na busca de um título que se apresenta como dos mais difíceis.

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