O Brasil republicano tem uma acidentada história presidencial e um suplemento à parte, com a crônica dos vices-presidentes chamados ao exercício do poder pelas mais diferentes razões. Geralmente por efeito de crises mal resolvidas, como essa que estamos assistindo.
O primeiro vice a aboletar-se foi o marechal Floriano Peixoto que ocupou a vaga aberta pela renúncia do primeiro presidente, o marechal Deodoro da Fonseca. Café Filho e Jango Goulart foram vices que assumiram e acabaram mal.
Com a doença do presidente Costa e Silva, o vice Pedro Aleixo foi vetado sem a menor cerimônia pelos ministros militares. Houve ainda escaramuças entre o vice Aureliano Chaves e o presidente Figueiredo, que entendeu como censura ao seu estilo o comportamento dinâmico de Aureliano quando o substituiu.
Com a morte de Tancredo Neves sem ter tomado posse na presidência, apesar das advertências legais, os políticos consideraram conveniente empossar o vice assim mesmo.
Não tendo o presidente assumido, o vice José Sarney não podia sucedê-lo por uma questão elementar de lógica.
A via legal passava pela realização de eleição presidencial direta. Começou ali a sequência de desencontros que chega até nossos dias, porque a Constituinte de 1988 não teve a clarividência de extinguir os vices, que são focos de crise política e fazem má figura no papel principal. Itamar Franco salvou-se graças ao sucesso do Plano Real que reorganizou a economia do país.
Bastou materializar-se o desastre do segundo mandato da presidente Dilma com a possibilidade real e, aparentemente irreversível, do “impeachment” para que as partes litigantes começassem a bombardear o vice Temer, que é, por definição constitucional, a figura prioritária na linha de sucessão.
Pano rápido. Passemos para o futebol nosso de cada dia.
A síndrome de vice tem atormentado a vida dos três principais times paranaenses que enfileiraram reveses nas finais da Copa Sul-Minas. Agora ela mudou de nome para Primeira Liga e o Atlético já emplacou novo vice após derrota para o Fluminense na primeira final do torneio.
Como a dupla Atletiba cravou o segundo lugar em três edições da Copa do Brasil e o Furacão ficou em segundo no Brasileiro de 2004 e na Libertadores de 2005 os torcedores se indagam o que falta aos nosso times para voltarem a ser campeões em competições fora do estado.
Inicialmente deveria mudar o nível de contratações de jogadores. Ou por outra, os dirigentes locais teriam de ser mais ambiciosos, apostando em craques e não apenas em veteranos ou promessas que surgem. Na hora da verdade só o craque não falha.
Com elencos mais fortes naturalmente as torcidas ficariam bastante motivadas, retornariam aos estádios em maior número e, sobretudo, se associariam em quantidades expressivas.
Vice é apenas consolo. O título de campeão turbina a torcida.