Ao reivindicar o direito de alojar a Copa do Mundo, o Brasil assumiu inúmeros compromissos com a Fifa e com a comunidade internacional. A menos de três meses para o início do mais importante torneio do futebol mundial, alguns estádios ainda estão em fase de acabamento, inúmeras obras de infraestrutura e mobilidade estão atrasadas nas 12 capitais escolhidas para os jogos, os aeroportos e portos estão longe de alcançar o chamado "padrão Fifa", a violência continua assustadora nas ruas das principais cidades e o governo atravessa grave crise político-administrativa em ano de eleição.
Resta pouco tempo para consertar as coisas e deixar tudo nos trinques, então o caminho é procurar diminuir a margem de erros para tentar evitar os mesmos constrangimentos que se registraram durante a Copa das Confederações e a visita do Papa ao Rio de Janeiro.
O Brasil está sob os olhares do mundo e com a chegada de 600 mil turistas estrangeiros e a venda de 3 milhões de ingressos para 64 jogos da Copa estimados pelas agências responsáveis, aumentou o grau de preocupação com a segurança e os serviços a serem prestados aos visitantes.
A Fifa elaborou uma relação de recomendações na qual classificou os brasileiros como mal-educados, impontuais, desrespeitadores de regras comezinhas como filas e comportamento no trânsito ao mesmo tempo em que nos retratou como um povo alegre, otimista e que não se preocupa com formalidades. Pegou mal e a entidade retirou as dicas sem maiores explicações.
Para evitar mal-entendidos culturais os conselhos passaram pela falta de pontualidade e a flexibilidade dos horários, recomendando paciência aos turistas, coisa comum nos países abaixo do Equador. De acordo com o manual, "sim nem sempre significa sim" e ninguém por aqui começa uma frase com a palavra "não". Essa pequena confusão vem desde os tempos em que fomos colonizados pelos portugueses, pois eles usam o pois sim e o pois não, que caíram em desuso na ex-colônia. Em compensação pegamos a mania de copiar muita coisa virando moda, por exemplo, em Curitiba colar a palavra Soho na tentativa de sofisticar nomes dos bairros. Assim nasceu o Batel Soho e está chegando o Cabral Soho. Não se assustem se aparecer o Juvevê Hill, o Bacacheri Inn, o Glory Higth ou o Portão virar Gate, o Água Verde passar a atender pelo nome de Green Water ou as nossas caminhadas passarem a ser feitas no Hyde Park Barigüi. Tudo bobagem, pois a cidade não pode e não deve perder a sua personalidade histórica.
Listinhas da Fifa e idiossincrasias positivas e negativas da nossa gente à parte, o importante é o governo responder à altura nos quesitos fundamentais para o êxito do megaevento. Na janela de observação internacional o sucesso ou o fiasco da organização da Copa será definitivo no julgamento do Brasil como potência emergente.
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