Dizem que Curitiba é uma cidade tão agradável que até o inverno veio passar o verão aqui. Há um cheiro de naftalina dos casacos no ar, com muitos torcendo para nevar de uma vez, criando perfeito clima na­­­­­talino.

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Talvez embalados pelo am­­biente de Natal e acreditando no saco de bondades do bom ve­­lhinho, alguns dirigentes do nosso futebol pregam a unidade entre os clubes. Mas não passa de um sonho de verão, já que a instituição denominada "fu­­tebol paranaense" é uma falácia, como também não passa de ilusão nos outros estados.

Basta verificar a reação da torcida do Grêmio, que comemorou, ruidosamente, o vexame histórico dado pelo Inter­­nacional. Como basta lembrar do foguetório promovido por torcedores que secaram o Atlé­­tico na derrota para o São Paulo na final da Libertadores de 2005.

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Jamais, em tempo algum, se comemorou tanto em Curitiba um título ganho por clube de outro estado como aquele do São Paulo em 2005.

Portanto, soa-me com ares de ingenuidade quando ouço as palavras de algum dirigente propondo a união de interesses entre Atlético, Coritiba, Pa­­raná e os demais. Ora, ora, há pouco tempo foi criada uma espécie de associação entre os clubes para negociar melhor os contratos do Campeonato Estadual com a televisão, tendo em vista o caos que se instalou na Fe­­deração Para­­naense de Futebol.

Mudou o comando da entidade e, politicamente, o futebol paranaense continua um zero à esquerda, já que os novos dirigentes apenas cumprem as tarefas burocráticas e protocolares, sem qualquer influência na CBF, à margem do processo de organização da Copa do Mundo em nossa capital e até com dificuldade para redigir o simples regulamento do campeonato. Recordem o in­­compreensível supermando.

A associação dos clubes en­­trou em colapso logo no primeiro ano, quando o Coritiba rompeu com todos e depositou integral apoio à Federação. Vol­­tou no ano seguinte, mas daí o grupo já estava desunido e os principais líderes do movimento se afastaram.

Voltou tudo à estaca zero e, pelo andar da carruagem, vai continuar assim, afinal as diferenças entre os grandes clubes parecem irreconciliáveis, tanto que em vez de apoiar e tentar beneficiar-se da escolha da Arena da Baixada como palco de jogos da Copa de 2014, dirigentes e políticos ligados ao Paraná e ao Coritiba tentaram torpedear o empreendimento.

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O ideal seria que as rivalidades se restringissem ao campo de jogo, criando-se fora canais de comunicação inteligente para tratar dos interesses co­­muns, afinal todos são do mesmo ramo de negócios, vendem produtos iguais e poderiam, efetivamente, desenvolver-se de forma mais racional se remassem juntos para o mesmo lado.

Mas é difícil aplacar as vai­­da­­des e os pequenos ódios que de­­viam limitar-se aos torcedores mais apaixonados, jamais aos homens responsáveis pelo planejamento estratégico dos clubes.