Os primeiros testes para o uso do vídeo no auxílio à arbitragem em lances duvidosos no futebol provocaram mais críticas do que elogios.
Vai demorar algum tempo para que os árbitros se adaptem ao sistema que veio para ficar. A transição é natural no campo das novidades na vida prática.
A utilização de recursos tecnológicos, robôs e outros artifícios no cotidiano levam, também, a uma meditação sobre a mente e a alma do homem e nosso destino final neste mundo.
No Brasil, onde os robôs não fazem ainda parte de nossa vida, não nos damos conta de seu papel e relevância nos países mais adiantados.
O robô foi mais uma etapa na libertação física do homem. Antigamente, quando não havia máquinas, as tarefas mais duras tinham de ser executadas por escravos.
Não foram as filosofias e as religiões que libertaram os escravos. Foram as máquinas. Pois houve escravos em todos os países e sob todos os regimes até o século 18, inclusive a serviço do Vaticano.
Sem as máquinas, a comédia de Aristófanes “As mulheres na Política” – do 5.º século a.C. – continuaria a aplicar-se hoje, e a democracia continuaria a ser um conceito irônico.
No diálogo entre os personagens, Praxágoras defende que todos os indivíduos deveriam ter um quinhão dos bens comuns, que a propriedade seria de todos, sem distinção entre ricos e pobres, todos com o mesmo modo de vida – alô, alô Marx e a utopia comunista – quando é interrompido por Plépiro:
“Mas... quem fará todo o trabalho ?” Praxágoras responde: “Para isso haverá os escravos”.
As máquinas libertaram o homem da escravatura. Talvez chegue o dia em que os robôs o libertarão do trabalho manual, permitindo-lhe consagrar seu tempo a ocupações mais elevadas ou aos prazeres da vida.
Materialmente, nos países modernos, a perspectiva é cada vez mais verossímil.
A histórica decisão da Fifa de introduzir os recursos eletrônicos para tirar as dúvidas do olho humano nas partidas do Mundial de Clubes, disputado no Japão, mostrou que as mudanças causarão mais dores de cabeça do que se esperava.
O pênalti mal marcado contra o Atlético Nacional abateu o time colombiano e a quase anulação do gol de Cristiano Ronaldo quase estragou o jogo que classificou o time espanhol para a final.
Erros de arbitragem no futebol levam à loucura jogadores, técnicos, dirigentes, cronistas e torcedores e a intenção de utilizar o vídeo é minimizar falhas em lances capitais como gols e pênaltis.
O homem precisa de tempo para adaptar-se a modernidade.
O uso da imagem de vídeo para rever lances duvidosos promete ser mais uma atração na decisão do título entre Real Madrid e Kashima Antlers, em Yokohama.
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