Tem Copa em Curitiba e a Fifa espera a Arena da Baixada concluída até o dia 15 de maio. Não se trata de novo prazo para o término das obras, mas a entrega oficial, um mês antes do primeiro jogo.
Todos sabem que os graves problemas no estádio foram gerados pelo amadorismo do governo estadual e da prefeitura na operação do repasse dos recursos e na fiscalização dos trabalhos; e porque o presidente do Atlético decidiu correr todos os riscos desafiando a lógica ao edificar o novo estádio sem contratar uma empresa construtora para tocar a obra. Transformou-se em autêntico Pantrocrator, a palavra grega para o senhor de todas as coisas. Acabou salvo pelos múltiplos interesses que estão em jogo no megaevento.
Atraso e gastança
O governo brasileiro, chefiado pelo presidente Lula, assumiu em 2007 o compromisso de organizar a Copa do Mundo. Nada, ou quase nada, foi investido nos quatro anos seguintes. O trabalho ficou para a gestão da presidente Dilma Rousseff. Só em janeiro de 2010, no começo do último ano do seu mandato, o presidente Lula instalou o comitê responsável pela organização do evento. Ao mesmo tempo, anunciou a destinação de R$ 20 bilhões e, nessa altura, as estimativas de custos já estavam estouradas.
Foi aí que a Fifa começou a pressionar, preocupada com a demora nas obras de infraestrutura e mobilidade urbana, na pasmaceira da CBF com a queda de Ricardo Teixeira, que se exilou após o último escândalo, e na insegurança dos três clubes que tiveram os seus estádios escolhidos para jogos do Mundial. Até hoje Atlético, Internacional e Corinthians estão enrolados com a liberação de recursos para obras complementares que integram o extravagante caderno de encargos da entidade, aquele que assegura a qualidade do "Padrão Fifa". Os clubes seguem discutindo com os parceiros públicos até onde vão as responsabilidades e os compromissos de cada parte na gastança generalizada.
O planejamento deficiente do governo e a má gestão produziram mais que o enorme atraso no início das obras. Elevaram custos, dificultaram o acompanhamento dos gastos e resultaram em várias irregularidades na elaboração e na execução dos projetos.
Nem mesmo a autorização do Congresso para que o Executivo facilitasse a contratação de obras, com o Regime Diferenciado de Contratações, menos rigoroso que o sistema normal de licitações, acelerou o processo. E o que era para valer só para os contratos para a Copa das Confederações e do Mundo e para os Jogos Olímpicos foi estendido a projetos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar dessa flexibilidade, as obras da Copa continuam com grande atraso e os custos serão bem maiores que os estimados inicialmente. A Matriz de Responsabilidades da Copa indica que a conta final pode chegar perto dos R$ 30 bilhões.
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