Seja na política, no futebol ou em qualquer outra atividade estamos em temporada de farsas.
A farsa vem a ser o único gênero de espetáculo em franca ascensão no cenário nacional. Marca presença na vida política, na sociedade e, principalmente, no futebol.
É o apogeu do gênero. Peça divertida, breve, ou com predomínio do "baixo cômico", é o máximo de definição que a farsa admite. Na verdade, ela dispensa o enunciado formal e tira proveito exatamente da ambiguidade que é o segredo do seu sucesso.
Sabe-se que não precisa de grandes elencos: dois atores são suficientes para um espetáculo trivial tendente ao burlesco, com uma boa margem de improvisação. Ridículo, arremedo, imitação, impostura os principais ingredientes do cotidiano nacional encontram na farsa a medida para todas as ocasiões.
A farsa não tem nem quer ter a responsabilidade social e política da sátira, que castiga os costumes fazendo rir. Não questiona valores, pois não pretende mais do que o riso fácil. A inconsequência dispensa a procura de qualquer sentido acima das aparências.
Ela se realiza com improviso e se contenta em ser popular, sem ambicionar reconhecimento de valor artístico. Existe apenas para ser representada com a leveza do improviso com os defeitos do caco teatral que a atualiza e aviva o interesse público.
Esta é a melhor explicação para o espetáculo brasileiro que não sai de cena. Outras épocas foram teatrais, mas com atores à altura das circunstâncias. A vida brasileira teve episódios altamente dramáticos, com densidade histórica. Agora, porém, assistimos a verdadeira novela bufa, de todas as horas, em diversas páginas e em todos os noticiários do rádio e televisão, é a farsa real que as novelas apenas imitam.
As explicações para o apagão, a intensa blindagem na ministra Dilma, o joguinho de polichinelo entre os candidatos Ciro e Aécio, o artigo de Fernando Henrique Cardoso, a censura de O Estadão, os empolgados discursos do suado presidente Lula sempre em campanha, a visita de Madonna, a estranha decisão do Supremo Tribunal no caso do bandido italiano, o erro do árbitro Carlos Eugê nio Simon, o destempero do honorável palmeirense Luiz Gonzaga Belluzzo, os jogadores do São Paulo e do Palmeiras se estapeando em campo, a tragicomédia da medíocre política paranaense, o lamentável supermando do campeonato explicitado pela Federação Paranaense de Futebol, os radares desligados, a lipo do Fenômeno, a absurda impunidade do MST, o esvaziamento de Luxemburgo e a imprescindível aula de boas maneiras para o técnico Muricy, a farsa floresce por toda parte.
A farsa é ininterrupta porque o brasileiro perdeu a memória ou ele perdeu a memória porque a farsa geral tomou conta das nossas vidas?
É inevitável que o público comece a perder o respeito pelos atores que se revezam na improvisação sem fim.
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