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Depois de estar com sete pontos de vantagem sobre o segundo colocado, o Coritiba por muito pouco não perdeu o título da Segunda Divisão. Foi uma seqüência de más apresentações e resultados negativos nas partidas finais que levaram a torcida a viver autêntico drama.

E não foi diferente ontem. Cedeu espaço ao descaracterizado Santa Cruz, permitindo a virada no placar, para só empatar no sufoco e marcar o chorado gol da vitória em cima da hora.O Coxa é campeão, mas não precisava judiar tanto da torcida.

Leilão triste

Uma notícia da semana deixou-me entristecido: o leilão da coleção particular de Zagallo. Sei que todo leilão é melancólico. E sempre tem um fundo comercial.

Respeito o direto de Zagallo e de seus familiares fazerem o que bem entendem com as suas coisas, mas fiquei entristecido com a pobreza do nosso país, que simplesmente não consegue segurar nada e muito menos a própria memória.

Voltemos algumas décadas no tempo: 1958. Copa da Suécia. Permitam-me usar a linguagem dos números, que não é propriamente da minha feição, mas vai servir para ilustrar a história. O mundo todo vivia sob o signo do sistema de jogo 4–2–4. Assim se escalavam as equipes nas súmulas dos jornais e na locução dos comunicadores de rádio. Assim, também, elas se apresentavam em campo, como ponto de partida nos jogos.

Mas o Brasil inovou no mundial daquele ano. Não sei, sinceramente não sei, se por obra do técnico Vicente Feola, ou se por característica pura e simples de Zagallo, o ponta-esquerda da época por obra do destino.

Canhoteiro deixou de ser convocado por indisciplina e Pepe, o titular absoluto, lesionou-se no último amistoso lá na Europa, uma semana antes da estréia do Brasil na Copa.

Com Canhoteiro ou com Pepe, a seleção jogaria no 4–2–4, pois ambos eram ponteiros ofensivos. Zagallo chegava à Suécia para criar uma nova função no futebol: a do ponta-esquerda recuado. Em toda a competição, ele foi infatigável na missão de cobrir toda a faixa esquerda do campo, de uma área à outra, em ininterrupto vaivém.

Ficou conhecido, por isso, como o inventor do 4–3–3 e passou a ser chamado de Formiguinha, em louvor à sua capacidade de trabalho. O resto da sua bonita história todos conhecem.

Muitas vezes campeão, como atleta, como técnico e como supervisor, Zagallo entrou no hall da fama do futebol mundial. Apaixonado pelo que fazia, tornou-se colecionador de camisas importantes, como a usada por Pelé no primeiro tempo da final da Copa de 1970, leiloada por 55 mil libras – algo em torno de 200 mil reais – na galeria Christie’s de Londres.

A camisa fazia parte da coleção particular de mil e quinhentas peças que foram leiloadas e nunca mais voltarão.

Com o fim do valioso acervo, o futebol e o Brasil ficaram um pouco mais pobres. Tomara que, pelo menos, o dinheiro arrecadado seja bem utilizado pela família de Zagallo.

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