O Brasil sempre foi definido pelo que não é. Não somos suficientemente capitalistas, não somos socialistas, não somos bárbaros, nem civilizados, nem modernos, nem pós-modernos. Não somos uma porção de coisas. Somos o país que poderia ter sido inventado e que ainda não foi, e isso a despeito das mais belas e ingênuas utopias erguida nessa vibrante pátria: a de que chegamos ao Primeiro Mundo.

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Infelizmente, ainda não. Se economicamente o país é importante, figurando entre as dez maiores potências econômicas do planeta, em outros setores estamos bem abaixo do desejado. Basta dar uma olhada na lista de corrupção mundial que saiu nesta semana, cuja classificação brasileira esta longe de ser dignificante.

Mas, se o Brasil não possui um passado rico em feitos, como acontece com as nações mais importantes no concerto internacional, e no presente continua capengando, já teve futuro. Não porque Stefan Zweig escreveu o livro Brasil, o país do futuro e depois suicidou-se, mas sempre tivemos futuro. Ou, pelo menos, ouço desde criança que um futuro risonho e promissor nos aguarda. Pena que o tempo está passando e o futuro ainda não chegou.

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Não é à toa que milhares de jovens estão deixando o país em busca de melhores oportunidades fora. É uma geração que não pode ou não quis e não quer ter utopias e que se move vasculhando entre os detritos das utopias passadas.

Pelo jeito a única coisa que tem passado, presente e futuro em nosso país é o futebol. E, até hoje, somente o futebol masculino, graças aos craques revelados, ao grande apelo popular e à conquista de inúmeros títulos mundiais.

Pois a partir de hoje, o futebol feminino, que não tem passado, começa a existir no presente com a certeza de um futuro melhor. Até agora elas vinham sendo desprezadas, mas a conquista da medalha de prata na Olimpíada e medalha de ouro no Pan, despertaram a necessidade de ajudar esse grupo de moças que sabem jogar e dar espetáculo.

Com humildade e muita determinação, a seleção brasileira conseguiu quebrar a invencibilidade de 51 jogos dos Estados Unidos e chegar, pela primeira vez, à final do Mundial da categoria. Um feito espetacular, sem dúvida, diante da diferença de tratamento e, sobretudo, de investimento entre a equipe nacional e as suas principais adversárias.

Sem apoio, sem patrocínio e sem boas condições de trabalho, as mulheres brasileiras se superaram dentro de campo, entre outras coisas suspendendo o complexo de inferioridade, produzindo atuações significativas em competições difíceis.

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Frente à poderosa Alemanha da artilheira Birgit Prinz, o Brasil tentará conquistar o seu primeiro título mundial com o talento e a garra de Marta e suas companheiras.