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A dupla Atletiba entra na reta final do Cam­­peonato Brasileiro sem arrancar suspiros dos seus torcedores, apenas in­­certezas. Faltando um mês para encerrar a competição, basta correr os olhos pela classificação e verificar que os nossos dois representantes estão longe de cumprir o que foi prometido.

O caso atleticano é mais grave, pois baseados em não se sabe qual avaliação, critério ou exercício de prestidigitação, os dirigentes prometeram a conquista de pelo menos um título nesta temporada. Mas, desde o início do campeonato, o Furacão não consegue sair da zona de rebaixamento.

O time foi mal também no Es­­tadual, deixando o Coritiba fazer festa na Arena da Baixada, fracassou na Copa do Brasil e, sem justificativa convincente, desinteressou-se da Copa Sul-Americana.

O Coritiba chegou muito perto do ano perfeito com a conquista do bicampeonato estadual e a disputa do título na Copa do Brasil, perdido para o Vasco. Faltou apenas um gol para ser campeão.

Sem recursos financeiros para reforçar a equipe a ponto de deixá-la com maior pegada na longa trajetória do campeonato em andamento, o Coxa acabou frustrando as expectativas. Todos, com razão, acreditaram no potencial do time de Marcelo Oliveira, muito valorizado após a goleada por 6 a 0 so­­bre o Palmeiras. As coisas, po­­rém, não saíram da maneira es­­perada, e os maus resultados fora de casa acabaram inibindo voos mais ousados.

Longe da vaga na Libertadores e lutando apenas por um lugar na Copa Sul-Americana, o Cori­tiba praticamente cumpre tabela, administrando a sua superioridade técnica em casa e mantendo a média de atuações apagadas como visitante.

O torcedor, é claro, sempre espera muito do seu time, ainda mais quando é alimentado pela projeção ufanista dos dirigentes.

O torcedor também reza e promete, mas, no calor da hora, ele vai direto ao ponto. Não é algo consciente ou que se possa escolher e evitar. É mecanismo mental involuntário, de natureza animista, e que nos transporta para um mundo mítico no qual os nossos desejos e emoções adquirem poder casual so­­bre o enredo aberto e imprevisível de um jogo.

A alma de quem torce entra em campo, desvia a bola perigosa, corta, mata no peito, cruza, cabeceia e vibra no momento exato em que a sua onipotência se confirma na catarse do gol. Uma teia de medos e desejos; temores e esperanças; envolve o torcedor encolhido, ou com os braços erguidos na arquibancada, de acordo com o temperamento de cada um. Não é à toa que o torcedor se descobre exaus­­to ao final da partida.

O torcedor faz a sua parte, mas já passou da hora de os dirigentes e promotores do espetáculo fazerem melhor a sua parte também.

Ou seja, dotar a dupla Atle­­tiba de recursos técnicos mais amplos e consistentes diante dos desafios nacionais e internacionais que há algum tempo fazem parte de seus compromissos anuais.

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