Venceu, está bom. Nem sempre a vitória é plenamente satisfatória quando são observadas as deficiências de uma equipe.
É muito mais inteligente reconhecer que o Atlético não realizou boa apresentação, mas pode melhorar na segunda partida, em Bogotá.
Restringir-se ao placar favorável representaria apenas uma fachada farisaica, já que as falhas no meio de campo e a consequente inoperância do ataque assinalaram o time atleticano que levou sufoco do apenas razoável Millonarios.
Reconhece-se as dificuldades enfrentadas por Paulo Autuori na montagem da equipe, afinal ficou impedido de escalar o melhor zagueiro – Thiago Heleno – e a melhor peça de ligação com o ataque – Nikão.
Tentou solucionar o problema com o correto Wanderson, que se saiu bem ao lado do experiente Paulo André, mas não conseguiu o mesmo resultado com a improvisação de Cryzan em uma função estranha a ele.
Cryzan ainda é uma jovem promessa e possui características marcadamente de centroavante, jamais de articulador. Deu no que deu: não rendeu o esperado pelo treinador, atrapalhou o excelente Pablo e reduziu a quase zero as jogadas para Grafite.
Mas o grande drama e a razão de ser da tímida atuação com sério risco de sofrer gol dos entusiasmados colombianos, foi a completa desconexão do meio de campo com o ataque.
Começou pelos altos e baixos de Sidcley no apoio pela esquerda, sobrando o eficiente Jonathan, como única alternativa efetiva, mas sem ter melhores opções a frente.
Só melhorou com a entrada do veterano Carlos Alberto que colocou a bola no chão, botou um pouco de ordem na casa, levantou a cabeça e começou a se aproximar dos atacantes.
Preocupante a insistência com o lento Lucho González em uma função que, modernamente, exige categoria técnica e velocidade. Até que na parte técnica ele contém requisitos, entretanto insuficientes para equilibrar com a lentidão e falta de ritmo para acompanhar os demais. Só lesionado o argentino foi substituído e logo o jovem Rossetto incendiou o setor.
Assim como o público foi abaixo do esperado (23.610 pessoas no total), afinal era uma estreia na Libertadores, e para isso a diretoria do clube terá de estudar melhor o fenômeno. Talvez o primeiro passo seja uma política que irradie maior grau de simpatia e cordialidade com a torcida e, sobretudo, com os sócios que votaram na oposição. Posições políticas antagônicas insuperáveis prejudicam demais o clube.
Voltemos ao time que precisa aprender as lições do primeiro jogo e conscientizar-se de que a vantagem adquirida é boa, mas o rendimento coletivo no jogo da volta terá de ser bem superior para não repetir a pressão sofrida dentro de casa.
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