Depois dos 7 a 1 aplicados pela Alemanha no maior vexame da centenária história da seleção brasileira, da prisão de José Maria Marin e das denuncias contra o presidente licenciado da CBF, Marco Polo del Nero, o mínimo que se esperava era alguma novidade no panorama do futebol nacional. Pelo menos com a convocação de uma Assembleia Geral para mudar a cara da entidade.
Nem mesmo o trabalho sério do movimento Bom Senso FC e dos milhares de apelos por parte de jornalistas e torcedores foram suficientes para sensibilizar a cartolagem que comanda a CBF, as federações e os clubes.
Bobo quem caiu no conto do calendário divulgado para esta temporada. A sua concepção, no essencial, não o distingue do calendário dos anos anteriores. Ênfase absoluta à seleção, cada vez mais desmoralizada e com novo fracasso na Copa América, e predomínio dos interesses das federações com os deficitários campeonatos estaduais.
A única novidade foi o aumento de partidas com a recriação da Copa Sul-Minas, agora com a dupla Fla-Flu e o sugestivo nome de Primeira Liga.
Dentro de uma concepção racional, o calendário segue muito distante de atender às propostas dos profissionais. Do jeito que a Primeira Liga está sendo lançada dificilmente os clubes conseguirão ganhar algum dinheiro. Será como no estadual, onde sobrevivem graças à verba oferecida pela televisão. Quer dizer: do jeito que o calendário foi arrumado, os clubes vão perder muito dinheiro nos primeiros meses do ano.
No Brasileiro e, dependendo da campanha de cada um, na Copa do Brasil e nos torneios internacionais, eles conseguirão lotar os estádios e faturar algum dinheiro além do que é oferecido pela televisão.
Com esta arrumação é ridículo falar-se em clube-empresa ou em gestão profissional. O calendário continua sendo feito para arruinar os clubes e, surpreendentemente, eles não reagem.
É uma contradição, ao mesmo tempo, condená-los ao prejuízo e animá-los a se transformarem em empresas com os compromissos assumidos junto ao Profut – programa de modernização da gestão e de responsabilidade fiscal do futebol brasileiro.
Para atrair capitais de verdade é necessário, antes de tudo, mostrar que o futebol brasileiro pode ser um negócio rentável. Porque o mais rudimentar estudo de viabilidade econômico-financeira, a partir do calendário da CBF, provará o óbvio – prejuízo às equipes. E ninguém vai aplicar dinheiro em negócio deficitário.
E ainda tem gente que não entende o desmonte do Corinthians, atual campeão e o clube com maior mercado no país, que perdeu sua base vencedora para o futebol chinês. Tudo fica como antes e continuam brincando de fazer política com a antiga alegria do povo.
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