O campeonato tem muito de romance policial.
Só que, tentando desvendar o mistério, o torcedor não procura descobrir o criminoso e sim o campeão.
O que aproxima ainda mais o campeonato de um romance policial é o traço comum entre os suspeitos, que se avolumam nas primeiras páginas ou nas primeiras rodadas.
Neste ano tivemos diversos personagens principais até que a trama alcançasse os capítulos finais. Os torcedores suspeitaram das chances de cada time, eliminando a maioria nas rodadas iniciais, como aconteceria em uma boa trama com muitos personagens.
Último campeão, o Operário surgiu naturalmente candidato ao título. Mesmo mantendo a base da equipe trocou de treinador e se deu mal.
Logo o Paraná assumiu a dianteira, acompanhado pelo Londrina e um pouco mais atrás por J.Malucelli e Coritiba. O Atlético não decolava e os demais davam a impressão de que estavam fora da corrida até que surgiu o PSTC na reta de chegada.
Geralmente o campeonato vai preparando o espírito da plateia. É raro o choque da última página de romance policial que se preze. Quando fica para a última página os suspeitos são dois só, os outros já estão fora. Esta é a fórmula ideal conservando-se, como nos contos dramáticos, a dúvida até o fim. E dúvida é emoção.
O interesse da competição futebolística se resume na identificação, que ela trata de tornar a mais complicada possível, do campeão.
Nesta temporada o Paraná chegou a ser apontado como principal candidato. O Londrina ameaçava, mas acabou perdendo pontos no tapetão atrapalhando sua campanha.
O Paraná se preparava para acabar com longo jejum até que cruzou com o revigorado Atlético, que já havia eliminado o Londrina. Como na boa história policial o Furacão apareceu nas últimas páginas como principal suspeito. E confirmou ao vencer o Coritiba na primeira partida final.
Logo o Coxa que se apresentava com a melhor campanha, o maior número de gols marcados, longa invencibilidade, o artilheiro, etc, etc. Para muitos só lhe faltava a faixa para posar na foto.
No palco do Alto da Glória será escrito o último capítulo e todos conhecerão o vencedor. Em dia de final tudo pode acontecer.
Não é de boa técnica o favorito aparecer logo.
É interessante observar que, pela experiência dos campeonatos, ninguém quer ser apontado como campeão de véspera. Mas se o Atlético chega com a vantagem de três gols, que é isso senão um traço de herói, de campeão.
Porém, o Coritiba ainda tem a derradeira chance de revirar a história pelo avesso.
Se irá conseguir é outra questão, mas o nosso papel é suspeitar, suspeitar sempre e suspeitar de tudo no mundo da bola.
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