O titulo deste artigo não se reporta à “caninha 51”, cuja inspiração publicitária a distingue como “uma boa ideia”.
Trata-se da recém-criada Primeira Liga.
Sem dúvida, uma boa ideia dos dirigentes que, infelizmente, perderam tempo precioso com a fogueira das vaidades que chamuscou alguns cartolas presunçosos. Tiveram de sair de cena para não atrapalhar o projeto.
Pelas circunstâncias, esta boa ideia de criação da primeira alternativa real e factível para a desvinculação dos clubes profissionais da órbita política e administrativa da desmoralizada CBF, quase se perdeu na largada. Tanto que o torneio reunindo as principais equipes dos estados do Sul, de Minas e a dupla Fla-Flu foi organizado às pressas, com falhas compreensíveis para uma primeira edição.
Porém, a CBF e as federações resistem e, não querendo perder o naco importante de influência que ainda detêm, fazem tudo para torpedear a Primeira Liga.
Conversando com amigos na lanchonete do Português, no shopping Pátio Batel, para retratar o atual quadro político do país e, no caso, do futebol brasileiro, lembrou-se de uma frase do ferino escritor Eça de Queirós que também apreciava os deliciosos pasteizinhos de Belém: “Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão”.
Citação mais do que apropriada neste momento em que a população assiste ao despreparo dos governantes para encontrar uma saída para a grave crise que se abate sobre o Brasil. E como a política no esporte acompanha os desvarios do momento, os presidentes da CBF e das federações se esparramam no desmantelamento geral.
O confronto entre as entidades gestoras e alguns dos mais influentes times parece modelo encenado de um baralho de messias. Em cada carta surge um algarismo, um naipe e uma figura. Todos, porém, dotados da capacidade de prometer doses de felicidade ao torcedor que vão melhorar o mundo do futebol e, naturalmente, o deles também.
O embate deixa ver como nossa concepção de poder é feita com altares e promessas. Com laços ideológicos e de defesa dos interesses de grupos sem compromisso com a competência e a eficiência.
Salta aos olhos a linguagem do compadrio dos políticos no cenário geral e dos dirigentes neste lamentável episódio na árdua implantação da Primeira Liga.
Os homens públicos ou de poder econômico desfrutavam até bem pouco de uma espécie de indulgência – aquela que não apaga o pecado, mas elimina as penas devidas pelo pecador.
Os papas de antigamente vendiam indulgências para fazer caixa e garantir os exércitos na defesa dos seus territórios.
Ainda bem que o tempo da impunidade está chegando ao fim.
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