Virada sofrida

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Novamente com Ronaldinho e Robinho realizando apagadas atuações e sem sistema de armação a seleção brasileira levou um passeio do Uruguai durante o primeiro tempo e escapou por pouco de um placar mais elástico. Tudo graças à excelente atuação do goleiro Júlio César que evitou pelo menos mais dois gols uruguaios. No finalzinho o gol salvador de Luís Fabiano para aliviar as coisas com o empate.

Na etapa final, entretanto, Kaká melhorou o seu rendimento e com a entrada de Josué no lugar do apático Ronaldinho a equipe cresceu e fez por merecer a virada sofrida. E foi novamente com gol do oportunista Luís Fabiano, bem superior ao confuso Vágner Love que entrou no final e conseguiu errar três passes nas suas três intervenções no jogo.

A vitória foi importante para a classificação, porém a partida mostrou muitas deficiências do time de Dunga que terá sete meses para corrigi-las.

Tecido esgarçado

Ao contrário do que se poderia esperar de um time que liderou boa parte do campeonato, alcançou antecipadamente o principal objetivo e poderia ter se sagrado campeão há algumas rodadas, o Coritiba chega à última rodada com o tecido esgarçado.

A campanha irregular no começo, a troca de treinador – Macuglia por René Simões – e o entra-e-sai de jogadores ao longo da competição custaram caro aos nervos e à capacidade técnica da maioria.

O técnico René Simões, do alto da sua experiência de longos anos no futebol, procurou dourar a pílula atribuindo ao excesso de confiança e à comemoração antecipada o vexame da última sexta-feira. Pelo que se viu da equipe nas últimas partidas, porém, pode ter acontecido um racha no grupo de jogadores, que estariam divididos entre os jovens e os velhos. E, nesse caso, o treinador tem participação direta, já que fez todo tipo de experiências no elenco, levando muitos novos atletas ao estresse, enquanto privilegiou alguns veteranos que nem sempre responderam à altura da expectativa gerada.

Dentre os novos, os mais sacrificados foram o meia Marlos, que acabou perdendo a condição de titular, e o goleador Keirrison, inexplicavelmente a maior parte do tempo no banco de reservas do que dentro da área adversária.

Para aumentar a pressão, veio à boca de cena o diretor Vialle, ainda no calor da comemoração do retorno à Primeira Divisão, e anunciou que René Simões não continuaria no clube na próxima temporada.

Tudo isso ajudou na desconstrução do time na fraca apresentação frente ao Marília e, conseqüentemente, na derrota que se transformou na noite das borrachadas, pelos confrontos entre policiais e torcedores.

Só resta fazer um último esforço, mesmo mantendo as aparências, arrancando o resultado necessário contra o Santa Cruz para evitar o fiasco de perder um título que já estava ganho há muito tempo.

carneironeto@gazetadopovo.com.br