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Em todo começo de temporada o torcedor de futebol exercita um tipo exótico de voyeurismo. Ou, por outra, em vez de exótico, um exercício explícito: fica observando a atividade do seu time e não perde de vista a movimentação dos principais concorrentes na busca de reforços. Deve ser interessante espiar o próprio terreiro e o dos vizinhos.

É mais ou menos como um ensaio ficcional sobre a fragilidade das fronteiras entre o amor desbragado pelo time de coração e o ódio, nem sempre contido, das possibilidades de o adversário conseguir reunir melhores jogadores para o campeonato. Alguma coisa que fica entre o sórdido e o sublime da natureza humana que só a paixão pelo futebol pode explicar.

Tenho ouvido, aqui e ali, os mais variados comentários sobre as novas contratações de Atlético, Coritiba e Paraná, entre torcedores do trio, e noto que ao mesmo tempo em que se elogiam algumas aquisições feitas pelo "meu" time, registra-se preocupação ou respeito com aquelas realizadas pelo time "deles".

É muito engraçada a atitude dos torcedores mais apaixonados, mas não deixa de ser estimulante, na medida em que se observa confiança da maioria nas contratações até agora realizadas.

Reforços

A palavra reforço nem sempre foi bem empregada no futebol. Não raras vezes em vez de representar o fortalecimento da equipe diversas contratações acabaram resultando no fracasso e, consequentemente, na desilusão de quem promoveu os negócios e dos torcedores que sofreram nas arquibancadas.

Desta vez parece que os dirigentes foram mais sensatos e efetivaram aquisições em menor número, menos dispendiosas e com possibilidades de alcançar melhores resultados práticos. Nada excepcional, é claro, pois os nossos times precisam melhorar bastante em relação ao que produziram no ano passado.

Quem deu a largada foi o Coritiba ao tentar segurar Keirrison para a campanha do título no ano do centenário. Ontem, porém, o dinheiro falou mais alto e o Coxa ficou tentado a ceder o goleador para o Palmeiras. A esperança passa a ser Marcos Aurélio, que foi bem no Atlético, mas não conseguiu firmar-se no Santos.

A diretoria do Paraná entregou o futebol profissional ao técnico Paulo Comelli que deve ter se isolado em sua sala, colocado uma folha de papel ao maço sobre a mesa, relacionado os jogadores desejados – conforme o tamanho do dinheiro do clube –, e derretido o telefone. Espero que ele e o Paraná sejam bem sucedidos.

O Atlético enxugou o elenco e tratou de buscar soluções para o seu frágil ataque.

Marcinho foi a novidade mais reluzente até agora, se bem que Lima, o falso lento, caiu no gosto da galera.

Geninho conhece o grupo, deve ter dado o seu pitaco nas contratações e promete um time competitivo para resgatar os títulos que a torcida atleticana não comemora há três anos.

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