O mais antigo e intelectual dos jogos, o xadrez, é praticado por milhões de pessoas em todo o mundo, em níveis diversos e por razões distintas. Além dos Mestres e Grandes Mestres, que disputam torneios com até dois meses de duração e partidas que levam horas, há os diletantes.
A origem do xadrez é indiana e sua criação data do século 4º Antes de Cristo. Consta que o rajá Balhait pediu ao brâmane Sissa que inventasse um jogo capaz de demonstrar o valor de qualidades como a prudência, a diligência, a visão e o conhecimento, para se opor a jogos cujo resultado é decidido pela sorte.
O sábio levou ao rei uma bandeja com peças não muito diferentes das atuais, que representavam os quatro elementos do exército indiano: carros, cavalos, elefantes e soldados comandados por um rei e seu vizir e que hoje são as torres, os cavalos, bispos e peões, com o rei e a rainha.
No Brasil, onde o jogo foi introduzido no final do século 19 pelo escritor Machado de Assis, o xadrez já superou há muito o estigma de ser passatempo alienado, chato e demorado, destinado a velhos e aposentados. É ensinado em muitas escolas e invadiu hotéis, tomados aos fins de semana por fanáticos de tabuleiro em punho e que se comunicam pela linguagem cifrada dos enxadristas.
Pela inteligência do jogo tornou-se comum usar a palavra xadrez para designar mirabolantes jogadas na arquitetura política, no mundo dos negócios, nas estratégias de outras modalidades esportivas e, agora, na engenharia de reorganização administrativa do futebol.
O xadrez político dos cartolas da bola esta com o tabuleiro pronto para receber as peças que decidirão o futuro do futebol.
No plano internacional, uma comissão especial da Fifa apresentou um pacote de sugestões para a implementação de radicais transformações nas arcaicas estruturas da entidade que reúne maior número de filiados do que a Organização das Nações Unidas (ONU).
Abalada por inúmeros escândalos políticos e financeiros com a renúncia do atual presidente que apenas cumpre tabela no cargo e outros tantos presos, entre eles o brasileiro José Maria Marin (mandatário da CBF no pós Ricardo Teixeira), a Fifa necessita de uma reforma geral para recuperar a credibilidade.
Aqui, o atual presidente da CBF não sai do país por receio de ser detido pelo FBI, e a gestão do futebol nacional mantém-se superada e sem gestos de discernimento. No vácuo, mais da metade dos clubes da série A criaram a Liga Sul-Minas-Rio, para a realização de um torneio que apenas serve de mote para a grande revolução representada, finalmente, pela Liga dos Clubes.
Jogada sagaz dos dirigentes envolvidos no processo que deixa a CBF e as federações em posição desconfortável no tabuleiro político.