Quem conhece a filosofia de trabalho do técnico da seleção brasileira de futebol não poderia imaginar que ele contrariaria seus princípios na última convocação para a Copa do Mundo na África do Sul. Ainda que para isso corra riscos irreparáveis.

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O país silenciou-se imediatamente após ouvir o nome dos 23 mais importantes jogadores da modalidade. Cada torcedor contrariado naquele momento se conteve diante da decepção de constatar que a seleção ideal para ele não coincidia com a anunciada pelo Dunga. E ainda: sentiu-se vencido, desprestigiado, porque até a imprensa, muitas vezes, concordava com a escalação dele. Em outras palavras, onde já se viu deixar Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Ganso e Adriano fora do selecionado?

Antes de qualquer coisa, é preciso reconhecer que a contenção emocional do treinador em questão tomou corpo em larga medida, ao emancipar-se dos sentimentos (a despeito do Adriano, por exemplo) para ligar-se à frieza dos critérios que ele julga levar o Brasil ao hexa. E somente a ele cabe essa tremenda responsabilidade.

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O que me parece que sustenta a construção e a permanência desses jogadores convocados por Dunga é o resultado do tra­balho dele. Tudo que ele dispu­tou, ganhou. E é essa eficiência que lhe fornece autoridade para impôr aquilo que considera melhor para o futebol do país.

Isto posto, será que, passados os primeiros momentos do susto, alguém terá coragem de negar apoio à seleção, por causa de preferências pessoais, muitas vezes, construídas com base nas próprias ilusões do técnico que cada brasileiro carrega dentro de si?

Acredito que não. E nem há mais tempo para isso. Agora somos um só coração. Exemplo disso é o paranaense Kléberson, pentacampeão mundial em 2002.

Mesmo que contestem a convocação dele, não podem ignorar a capacidade com que ele trabalha no meio de campo, inclusive demonstrada no título do Brasileirão de 2009, sagrando-se campeão pelo Flamengo.

Ora, argumentar que ele ficou na reserva, em algumas oportunidades, não serve como parâmetro, pois o Kaká, que aparece como a grande estrela da seleção, contundiu-se e ficou na reserva nos últimos jogos pelo Real Madrid.

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Inclusive, ele mesmo se vê como prescindível, quando defende, em entrevista, os 23 selecionados. E disse ainda que, na Copa América, foi substituído por Júlio Baptista e este esteve muito bem naquela ocasião, fazendo gol. É isso.