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Precisamos para ganhar a principal prova dos Jogos Olímpicos – que não é outra coisa senão a verdadeira expressão cultural de um país – de atitudes simples e impactantes. Não sei se haverá tempo, mas espero que sim.

Por princípio, não tenho o hábito de demonizar tudo o que diz respeito às nossas coisas, comparando e endeusando o outro. O chamado complexo de vira-latas. Não sou assim. Até por que, com alguma bagagem, especialmente no que se refere a eventos de envergadura, observei que cães de pedigree também roem osso.

Nessa caminhada, exemplos negativos foram muitos. Mais do que isso, em países ditos de primeiro mundo. Alojamentos modestos, estádios precários, trânsitos caóticos, assaltos em hotéis, abuso nos preços, obras inacabadas, e por aí vai. Ah, sem contar atos de terrorismo, como a bomba que explodiu do Parque Olímpico de Atlanta, matando e ferindo turistas.

O que não atenua, é claro, exageros materiais aqui cometidos, como a omissão em despoluir a lagoa e a baia da Guanabara, que precisavam de investimentos na ordem de R$ 3 bilhões, sabendo que o gasto total com os Jogos chega a R$ 39 bi.

Existem coisas não materiais, no entanto, que podem fazer a diferença para mais ou para menos. E que não é uma questão de gasto, mas sim de gosto.

O cartão de visitas do Brasil durante o encerramento dos Jogos de Londres, por exemplo, foi confuso e sem graça. Marisa Monte e Seu Jorge, embora talentosos, não cativaram. E a dança do gari Renato Sorriso, ficou fora de contexto.

Também não precisamos inventar nada, shows mirabolantes, nada disso. É simples. A música brasileira mais conhecida no mundo, assobiada e cantarolada por gente de todas as nações, é Aquarela do Brasil. Será que ouviremos essa obra prima de Ari Barroso na abertura dos Jogos, no Maracanã?

E quem acenderá a pira olímpica? Vanderlei Cordeiro de Lima, símbolo máximo dos Jogos depois do episódio de Atenas, e único brasileiro consagrado com a Medalha de Coubertain, seria o cara. Seria.

Segundo as “regras” dos senhores dos anéis, porém, quem conduziu a tocha pelas ruas do país – e o maratonista paranaense foi um deles – está descartado.

Algum “parágrafo” dessa regra imaginária pode também atingir outro ícone, Pelé. O maior atleta do século segurou a tocha na passagem por Santos, mas não a conduziu. Como fica? Enfim, haveria alguém mais impactante do que Pelé ou Vanderlei para simbolizar a abertura dos Jogos Olímpicos no Brasil?

Não precisamos de luxo, de pompa, de ostentação. O acabamento de uma obra é mais importante do que a moldura. Espero que a abertura dos Jogos não vire outra vez um Cirque du Soleil.

Ouvi certa vez alguém dizer que não devemos nos enganar, pois só se consegue a simplicidade através de muito trabalho. Prefiro confiar no complicado trabalho dos nossos atletas.

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