Penso que essa onda suave da reconciliação, que felizmente se alastra para o futebol brasileiro, tenha sido inspirada pelo gesto de Barack Obama, ao estender a mão para Cuba, em dezembro passado. A ação do presidente dos EUA teve um impacto positivo e intenso. Digamos uma espécie de bomba de Hiroshima às avessas. Foi um gesto de grandeza, uma decisão de estadista, e que contagiou outros segmentos.

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No começo deste mês, o Sport Recife colocou nas arquibancadas do estádio algumas dezenas de mães de torcedores, trajadas de "seguranças", com o objetivo de vigiar seus próprios filhos, espremidos no meio de um bando de loucos, que formavam a tal das organizadas. A vigilância materna foi um sucesso. Não houve um só ato de violência no clássico contra o Náutico. Outros jogos espalhados pelo país, com o grau de temperatura elevada, estão seguindo na essência a mesma cartilha, com variadas e criativas ideias.

Aqui, Petraglia e Bacellar fizeram juras de amor e selaram um pacto, dividido em dois atos. Um deles imediato, voltado para a não violência. É pontual para uma semana que antecede o Atletiba de amanhã.

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Acima da intenção, está o ato, o abraço, a pose dos cartolas. No mínimo, tem o efeito mágico de inibir e descarrilar os bondes do terror – coincidência ou não, foram presos ontem vários baderneiros de uma facção qualquer. Os presidentes, enfim, acabaram se conscientizando de que os problemas eram sérios e tomaram medidas antecipadas para conter a violência que, espero, não aconteça amanhã.

O segundo ato do acordo propagado, fala numa espécie de joint venture entre os clubes. O que me parece, na teoria, uma boa ideia se entendermos como inexorável o rumo de todos os clubes na direção do futebol/empresa. Isso, porém, fatalmente atingiria o Paraná Clube, que apesar da atual situação, é um dos grandes na composição do "trio de ferro".

Soube minutos atrás, porém, enquanto encerrava a coluna, que o presidente Rogério Bacellar declarou, no programa Redação SporTV, que a intenção de Coritiba e Atlético é fortalecer neste momento o Paraná Clube. O que seria uma correção oportuna, e até por um dever de gratidão – no caso, do Atlético –, em retribuir o que lhe foi dado pelo Ferroviário, lá atrás, bem atrás, quando os três clubes se fortaleceram pensando grande e em bloco.

Acho tudo isso surpreende. E torço para que se torne verdade. Apenas, e não me levem a mal, faço minhas as palavras de Vinícius de Moraes, no belíssimo Samba da Bênção: "Que me prove, e muito bem provado (tudo isso que estou sabendo), com certidão passada em cartório do céu, escrito em baixo: Deus. E com firma reconhecida!" Dê sua opinião O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.

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