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Fim de feira. Olimpíada é uma grande feira livre, onde há produto para todo gosto. E de conteúdo saudável. O que diferencia uma da outra é que na feira de hortifruti o alimento ruim fica para o final. A xepa. Nos Jogos Olímpicos, não. Medalhas importantes serão disputadas hoje e amanhã.

Houve de tudo aqui no Rio. Essa foi a Olimpíada da velocidade, do instantâneo, do raio. Qualquer fato de repercussão, em segundos chegava à Mongólia, Ilhas Fiji ou Islândia. E, ato contínuo, já estava superado e engolido por outro. É a tecnologia maluca. É o tempo. Assim, de Londres-2012 para cá, a rapidez e a gama de informações descaracterizaram muito o fato, deixando a análise e a reflexão apenas para o final.

Os Jogos do Rio, posso antecipar, foram alucinantes. Quase tanto quanto o evento de Barcelona em 1992. Se naquela Olimpíada tivemos o Dream Team, Carl Lewis, Popov, Bubka, Sottomayor, acompanhamos aqui a magia de Bolt, Phelps, Simone Biles, Uchimura, Ledecky. O Brasil, porém, ganhou poucas medalhas. Balizando pelos Jogos de Atenas, 12 anos atrás, onde foram cinco de ouro, no Rio deveria ser melhor. Pelo tempo de preparo e o fator casa.

O COB até que se esforçou. Trouxe ótimos treinadores de fora. Priorizou, no entanto, os esportes coletivos em detrimento dos individuais, com exceção à natação, que foi mal. O atletismo, por exemplo, distribui 47 medalhas, o judô 14, o tiro 15. O vôlei, o handebol e o basquete, apenas uma. Rafaela Silva, Robson Conceição, Thiago Braz da Silva, Isaquias Queiroz, comprovaram isso.

O país que sedia os Jogos Olímpicos, desperta o interesse de toda uma sociedade para a prática esportiva. Se houver investimento e seriedade na cultura esportiva pública – federal, estadual e municipal –, porém, a coisa não anda. A escola pública é a base de tudo. A ministra da cultura da Grã-Bretanha disse esses dias que depois de ganhar apenas uma medalha de ouro em Atlanta, em 1996, o país ficou envergonhado e investiu pesado na base escolar e nas universidades. Deu resultado.

Quanto à estrutura dos Jogos, comparando com as anteriores, o Rio surpreendeu positivamente. A demonização orquestrada de fora e também aqui de dentro do país foi exorcizada. Quando o leviano Ryan Lochte mentiu, alegando suposto assalto, a imagem da organização foi a zero. Desmascarado de forma contundente pelo trabalho eficiente da polícia carioca no “tira-teima”, no “desafio”, o país reverteu os pontos.

Independentemente da infâmia, do ultraje provocado por esse nadador norte-americano – ufanismo bobo dizer que isso “mexeu com a honra da pátria” –, o troco maior que o país poderia dar a partir do episódio, para ser respeitado, seria levar a sério o esporte como uma questão de honra, aí sim, nacional.

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