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Todo grande evento esportivo é um olho d’água inesgotável para se ganhar dinheiro. Pode ser Copa, Olimpíada, ou apenas um jogo pontual, como foi a recente partida de vôlei em Curitiba, e depois em Brasília. Como se dizia antigamente é um ‘negócio da China’.

Tudo faz parte da avalanche capitalista dos dias de hoje. Capitalismo, aliás, combalido, e combatido com lucidez pelo Papa Francisco. Mas a regra do jogo é essa, e nem S.S. muda.

A ganância pelo lucro imediato, porém, obsta projetos mais profundos de médio e longo prazo, como por exemplo, a formação de atletas em esportes outros, além da nossa monocultura do futebol.

Com o evento do vôlei trazido para a Arena da Baixada há uma semana, levantou-se a questão de Curitiba não contar com uma equipe forte, como aconteceu tempos atrás com o Rexona.

Engraçado que a contaminação das pessoas é imediata a um fato específico e momentâneo. O tal do aqui e agora. Carece a cidade não apenas de um vôlei forte, mas sim de várias modalidades que sumiram do mapa.

Já tivemos esportes atraentes como ciclismo (de Adir de Lima e Renato Romeu), basquete feminino (Marta, Aglaé), Natação (Rogério Romero, Renato Ramalho), judô, a própria ginástica aqui sediada pelo comando de Vicélia Florenzano.

A iniciativa, tempos atrás, era de clubes – Coritiba, Curitibano, Clube do Golfinho –, e de empresas – Prosdócimo e Hermes Macedo. Hoje é necessário investimento público municipal.

Penso que os candidatos à prefeitura da cidade deveriam aproveitar este boom olímpico, sem demagogia, para recriar um plano esportivo/educacional de profundidade, colocando Curitiba como cidade exemplo, ela que já é modelo em tantos outros.

Com muito menos daquilo que foi gasto para trazer três jogos da Copa de 2014 para a cidade, dá para revolucionar o esporte local agregado com a educação.

Somente a Prefeitura pode desatar o nó da Vila Capanema, negociando com o Paraná Clube e a União, o tombamento do seu estádio icônico – que lembra o Pacaembu, ou o Montjuic, de Barcelona –, para ali instalar seu QG.

Uma simbiose da escola pública com centro de formação e de alto rendimento poliesportivo, como tem o River Plate e outros clubes do mundo.

Para uso exclusivo do futebol, é muito mais inteligente que Paraná e Coritiba negociem com o município um novo estádio compartilhado – como o San Siro para Inter e Milan –, entrando no escambo parte do patrimônio de cada um.

Seria uma forma de ninguém onerar ninguém, e o poder público abrir as portas para o crescimento de outras modalidades, incluindo atividades especiais paralímpicas.

O campo está livre para o desafio. É apenas uma ideia sem patente.

Meu Deus

O Tribunal de Contas da União está investigando irregularidades no uso do dinheiro público por parte do Comitê Paralímpico Brasileiro, por suspeita de fraude em licitações, pagamento de viagens a pessoas sem direito e de salários a dirigentes da entidade. Pode? Para o ser humano amputado de caráter e cego de dignidade, pode.

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