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Tive o privilégio de conhecer o doutor Lauro Rego Barros, um cavalheiro, um diplomata no trato com os jornalistas. Quando tomou posse, recebeu como presente (de grego) uma enorme herança (maldita) para administrar no Rubro-Negro. As finanças iam de mal a pior. Foi quando surgiu um grupo de jovens apaixonados pelo clube, dispondo-se a percorrer o trajeto da via-crúcis, como um braço de apoio ao novo dirigente.

Nascia ali a "Retaguarda Atleticana", liderada por Valmor Zimermann, Celso Gusso, Valdo Zanetti, Salmir Lobato, Galina e poucos mais. Graças a eles e à humildade do presidente, o Atlético não apenas saiu do buraco como ganhou credibilidade em todos os sentidos. Ressuscitado o clube, esses moços (da época) atendiam também à súplica de Jofre Cabral e Silva – ícone maior do Furacão –, que havia pedido pouco antes de sofrer o enfarto: "não deixem, nunca, morrer o meu Atlético!"

A "Retaguarda" surgiu espontânea, com objetivos puros, apaixonantes e desinteressados. O atual presidente e Onaireves Moura chegaram a fazer parte do grupo bem depois do período das vacas magras. A época já então próspera era de "entradas e bandeiras", onde as pedras preciosas começavam a brilhar. Os fundadores assumiram cargos diretivos no clube, com espírito amador e competência profissional. Sem deslumbre.

Vivemos hoje outros tempos. O Atlético não precisa mais de organização paralela para fins materiais. Multiplicou o pão e o peixe. O barco pesqueiro cresceu e modernizou de forma sustentável. Navegou em águas tranquilas até encontrar pela frente um jet ski pilotado de forma desrespeitosa e ameaçadora. É um fato novo e preocupante. A nação rubro-negra que tem a dimensão da Amazônia concentra hoje o poder na "República das Alagoas"– no melhor estilo do caçador de marajás. Aliás, qualquer semelhança entre os personagens, não é mera coincidência. Até na baixaria linguística há um quê de, digamos, idolatria com o político retrô que propagava "eu tenho aquilo roxo".

O grito está abafado no peito de cada atleticano com quem converso. Sinto que é sufocante. João Alfredo Costa Filho, que pregava a abertura de portas e janelas para a imprensa, é um deles. Existe uma pressão tácita para que se resgate o conceito democrático, a simpatia pública, a união de grupos, o bom senso e a transparência. Não há mais espaço para nepos e nepotes da monarquia papal. Agora se trata de uma questão séria e de respeito ao "Atlético".

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Bem, quanto ao time, o Atlético precisa ter "uma cara" e escalar "o cara". Para o jogo de manhã contra o Corinthians, entro no sopro dos corneteiros: se a retaguarda foi ajustada no empate de quarta-feira [sem gols com o Paysandu], resta então colocar "o cara". Vagner Mancini – que carrega o nome de compositores famosos – precisa do maestro para harmonizar a orquestra. Basta colocar o craque. E se é Baier, é bom!

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