Os senhores que criaram os anéis olímpicos, símbolo dos cinco continentes, destinaram o amarelo para a Ásia. Até aí tudo bem, pois as distâncias antigamente eram tão longas que rotulavam pela cor da pele os habitantes de macrorregiões. Hoje não faz mais sentido, dada a miscigenação globalizada e o racismo tão combatido. Por isso proponho à Fifa criar seus próprios "aros do futebol", usando um outro critério para suas cores. Por exemplo, se o Brasil mantiver a hegemonia, ganhando o sexto título mundial (hexa, na verdade, são seis títulos seguidos ), o anel amarelo deveria representar o nosso país-continente. Até porque o aro olímpico das três Américas continua simbolizado pela cor de peles vermelhas lá do norte, enquanto aqui no sul o amarelo é que brilha.

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Ontem reluziram as cinco estrelas de ouro, e o círculo dos continentes poderá ser fechado no próximo jogo. Ganhamos de um europeu (Croácia), de um representante da Oceania (Austrália) e de um asiático (Japão). A gana agora é superar um africano, continente que, representado pela Nigéria, descarrilou o Brasil do sandero luminoso (ouro olímpico) nos Jogos de Atlanta.

Já escrevi aqui que a cor amarela estimula o funcionamento do cérebro e ativa o tônus muscular. Ontem, aqui no maldito palco da Copa de 74, quando a Holanda acabou com o sonhado quarto título mundial (perdemos por 2x0), este tabu foi soterrado.

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Ganhamos no mesmo velho estádio de 32 anos atrás, mas para isso Parreira teve que usar pilotos camicases para combater os japoneses. Nossos guerreiros foram treinados para arremessar contra o alvo inimigo, mesmo pondo a vida em jogo. E a 34 minutos de combate, num ataque suicida do Brasil, o Q.G. foi bombardeado. Japão um a zero, e o capitão Dida era atingido pela primeira vez. Mas o sismógrafo acusa apenas escala um, sentido apenas por instrumentos científicos. Não abala estrutura nenhuma e, pelo contrário, ressuscita o amado e odiado Fenômeno. E quem foi que amarelou? Amarelou a tela de Van Gogh, com a pintura dos gols não concluídos, e pela conclusão dos dois gols feitos. Ronaldo supera Pelé e iguala-se ao alemão Gerd Müller em Copa do Mundo, embora não na proporcionalidade. Não importa. O que vale ouro é ouvir um estádio inteiro gritando seu nome. E como na música de Chico Buarque, Ronaldo é a Geni, onde os mesmos que ontem o repugnavam, hoje agradecem, mas amanhã, não estranhem, vão lançar excrementos morais.