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Um longelíneo senhor de trinta e quatro anos foi o personagem da Copa e ajudou a salvá-la, até certo ponto. Anjo ou Lúcifer?

Zinedine "Zizu" Zidane, o "L’ange bleu" (Anjo Azul) da mídia francesa, pulou rápido da terceira para a primeira tríade, e entrou para a decisão como uma criatura celestial. Dono de um futebol refinado e um forte brilho, era o próprio mensageiro de Deus.

Ao meu lado esquerdo desde a tribuna de imprensa, Maradona comentava para uma televisão, enquanto Beckenbauer e Platini, no posto de "cartolas", apreciavam o toque de classe do francês, candidato disparado para o "Oscar" desta Copa.

Para isso, a FIFA distribuía a todos os jornalistas presentes no Estádio Olímpico uma cédula para a votação dos três melhores do mundial. Já tinha minha escolha definida (para os três), mas cravei apenas antes de começar a prorrogação.

A sugestão imposta citava quatro italianos, três franceses, dois alemães e um português. Votei em Zidane por um critério essencialmente técnico. Seco. Sem nenhuma dúvida.

Este Serafim fora castigado e provocado até 110 minutos de batalha, quando se rebelou contra o arcanjo Materazzi, e a tentação tirou o "Anjo Azul" do caminho do Senhor, digo, da taça. O ex-mensageiro da luz, acabou no reino das trevas, graças ao dedo-duro eletrônico, adiantado mecanismo de punição, justo, porém ilegal para a entidade do futebol.

Auguri, Itália!

Daquele momento em diante, seguramente aquela força estranha definia o campeão, pois quando o equilíbrio prevalece, o emocional decide.

A vibração de 120 decibéis, o show no estádio de Berlim, estava escrita depois que um franco-argentino (Trezeguet), explodia a bola na trave, como a cabeçada do Anjo Azul do peito italiano.

A Itália mereceu o título? Por que não? Dentro de uma Copa do Mundo tecnicamente medíocre, sem nenhuma revelação, com poucos gols, com raros momentos de brilho coletivo, pulsou mais forte o coração, com um laivo de sorte que só aparece para quem busca.

Mas uma partida de futebol ou uma Copa do mundo mal jogada, não pode sustar o curso da história. Mama África nos aguarda. Como dizia Ed Murray, "Boa noite e boa sorte" (Itália).

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