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A monocultura do futebol está ficando assustadora, principalmente quando antecede uma Copa do Mundo e agora no próprio país. O futebol é apaixonante, o esporte mais popular do mundo e isso todos nós sabemos. Mas uma coisa não pode impedir a outra. Também não somos os mais ardorosos torcedores de futebol. Os ingleses, italianos e até os turcos são mais apaixonados. Disparado, porém, somos os mais vitoriosos e os maiores produtores de talentos da história.

Portanto, nada contra o futebol que admiro e ao qual sou muito grato. Os outros esportes não devem competir com o futebol, mas num país com mais de 200 milhões de habitantes precisa haver espaço para outras modalidades. E para gostar do diferente, precisamos entender pelo menos o básico. A Olimpíada de 2016, para mim, é mais importante do que a Copa do Mundo. Investir em vários esportes é inclusão social e melhoria na saúde pública. A política esportiva do país deveria englobar escolas, universidades e ligas, como acontece em alguns países de referência.

Na época da Faculdade de Educação Física, voltando de um Congresso em Cuba, defendi uma tese de que o Brasil, por sua diversidade e miscigenação, seria uma potência esportiva tão forte ou até mesmo superior aos EUA. Com uma política séria voltada regionalmente para o esporte, o país segmentaria para cada região uma su­­peres­­­­­­trutura de acordo com a cultura e o biótipo local. A resistência atlética do índio da região Norte; a técnica e elasticidade baiana para a luta; os esportes de força e disciplina (natação, halterofilismo, hipismo) no Sul; a explosão muscular na velocidade de corridas do carioca; triatlo e futebol feminino no Nordeste, e por aí vai.

Luther King era meu ídolo e como ele eu tinha um sonho. Na verdade, apenas um devaneio de jovem. Durante as curvas de todas as estradas percorridas, tomei consciência de que um profissional técnico capacitado jamais exerceria um cargo importante onde houvesse um político disposto a abraçá-lo com o poder e a força de um urso. A visão do esporte brasileiro ainda está, para a maioria, coberta pelos antolhos que enxergam apenas o futebol. E em doses cavalares.

A piada está no pódio

A piada do nosso povo é medalha de ouro em qualquer prova de sacanagem. Tão logo o Borussia Dortmund aplicou aquela surra no Real Madrid, com os quatro gols do polonês Lewandowski, recebo um e-mail do amigo Sérgio Rodrigues: "Edson, o Real anunciou a contratação de Joaquim Barbosa [presidente do STF] para o jogo de volta na Espanha. É o único capaz de segurar o Lewandowski", escreveu em alusão ao ministro (Ricardo) revisor do processo do mensalão, com sobrenome igual.

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