Não vi ainda o jogo Argentina e Colômbia, e até agora dá para resumir a “Copa América” em três atos: o chilique de Neymar, a mão boba de Jara, e a alegria do público com a seleção chilena.
No episódio de Neymar – sem justificar o destempero para um capitão – há um flagrante conflito emocional extracampo, provocado pelo imbróglio financeiro na transação com o Barcelona. Com dribles gananciosos, os intermediários (seu pai, entre eles), acabaram desarmados pelo fisco espanhol. Neymar é o último a lidar com o dinheiro que ele mesmo gerou, mas sabe que vai ter que depor. E isso afeta dentro de campo. Os abutres que lucraram em cima dele, não jogam.
A seleção do Chile não encanta, porém é dinâmica, ajustada e técnica. Foi armada para decidir o título em casa. Quanto às denúncias confidenciadas pelas câmaras que flagraram o joguinho de bilboquê entre Jara e Cavani, fiquei surpreso com os analistas. Não ouvi ninguém falar da encenação do jogador chileno. Além da patolada, a farsa, o teatro provocado por Jara foi grave.
Pensei até que estava sozinho nessa observação, mas hoje um diretor do Mainz, clube alemão que detém os direitos federativos do jogador, afirmou: “Nós não toleramos isso. Mais do que a atitude, foi o que veio depois, e me fez ficar irritado. Eu odeio teatro, acima de qualquer coisa”, disse o alemão. Jara irá embora.
Hoje, felizmente, não existe mais blindagem. Há, sim, uma espécie de quebra de sigilo verbal e visual. Uma evolução tecnológica bacana para o futebol. Penso que vai aperfeiçoar a ponto de se ouvir e ver mais ainda. Deve haver punição, porém, àqueles que provocam e simulam.
Zidane, depois da cabeçada e expulsão no final da Copa de 2006, pediu perdão às crianças (para que não o imitassem), aos jogadores da seleção e ao público em geral. Não a Materazzi. “Prefiro morrer a pedir desculpas a esse cara. Seria desonrar-me”, disse. Materazzi confessou depois que havia insultado a mãe e a irmã de Zidane. O italiano jamais foi punido.
Não basta punir apenas a reação. As palavras e as intenções, às vezes, são mais duras do que os gestos, mas todos prestam atenção somente às reações.
A tecnologia está isenta de emoção. É mais confiável.
Paraguai
Na relação dos dez maiores jogos da seleção brasileira que acompanhei ao vivo, duas delas foram contra o Paraguai, adversário de hoje no Chile. Uma foi em 1962, no Maracanã. O mais poderoso ataque de todos os tempos, tinha Garrincha, Didi, Coutinho, Pelé e Pepe. Resultado: Brasil 6 a 0.
A outra, pelas eliminatórias da Copa de 70, foi em Assunção. Clima de guerra. As “feras” de Saldanha com Jairzinho, Tostão, Pelé e Edu no ataque. Arrasador. Deu Brasil, 3 a 0. Inesquecível.
Nossa referência de ataque para o jogo de hoje é Firmino.
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