Há dois anos atrás, antes da Copa das Confederações, estive aqui em Dortmund e conheci Gerd Kolbe, nomeado na época por Beckenbauer para ser o coordenador geral desta sede durante o mundial. Na ocasião, Kolbe me falou do seu encanto pelo futebol brasileiro, e que Didi mais do que Pelé e Garrincha fora seu ídolo maior.
Quando falei a ele que guardava revistas antigas e que poderia presenteá-lo com fotos do jogador, ele ficou muito feliz e pediu um pouco mais. Queria que eu tirasse toda a velharia do meu baú esportivo, e mandasse para cá. Na verdade, a prefeitura pretendia enfeitar a cidade de tal maneira, que ela se tornasse a mais brasileira entre todas as sedes da Copa.
Assim começava a ser criado o Museu do Futebol Brasileiro, com a participação de 130 estabelecimentos comerciais.Vários magazines desta cidade do "carvão e da cerveja" requintaram suas vitrines, ilustrando com o nosso antiquário de 50 anos.
Quando aqui cheguei no dia do jogo contra o Japão, percorri com o anfitrião Kolbe os calçadões de Dortmund para ver as vitrines das galerias. Revi assim a preciosa coleção, permita-me a modéstia, espalhada pelas principais lojas do centro da cidade. Revistas e jornais dos anos 50 para cá, como Manchete Esportiva, Gazeta Esportiva Ilustrada, jornais do México , dos Estados Unidos, do Japão e vários exemplares e fotos da Gazeta do Povo das últimas Copas que cobrimos, ali estavam e estarão até o final da competição - à mostra para o público.
É esta a Dortmund que, além do gostinho brasileiro, coloca ainda uma pitada paranaense que serviu para massagear o ego e fechar uma semana de bom astral do nosso futebol por aqui, onde, mais do que qualquer lugar da Alemanha, ele é querido e imortalizado.
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Para o Brasil, acabou o couvert e começa amanhã o prato principal. Ganhar quatro jogos para chegar ao título é uma receita nada light, porém a mais saborosa. Carlos Alberto Parreira, assim como Zagallo, também tem suas manias, e uma delas é o número sete. Esta é sua sétima Copa do Mundo; espero que ele obtenha sete vitórias, mas prefiro que ele não escale amanhã contra a seleção de Gana o camisa sete Adriano com Ronaldo. Na eventual ausência de Robinho, o melhor seria Ronaldinho na frente e Juninho no meio-campo.
Mas esta é uma missão para ele, treinador, decidir. A nossa é registrar os fatos e torcer para que o velho baú receba outras relíquias de ouro para enfeitar as vitrines da Cidade do Cabo, na próxima edição de 2010.
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