Antes de começar esta coluna, fiz uma faxina mental nas lembranças do passado que, às vezes entorpece e me vicia pela valorização demasiada do ontem. Não só no futebol, mas na vida é agradável relembrar fatos marcantes, desde que não se tropece no saudosismo barato. Não é o meu caso, acredito, mas há que se ter cautela e bom-senso.

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Clássicos como o de hoje trazem recordações de jogos e jogadores tirados do fundo do baú. Tempos atrás bastava um Atletiba para rádios, jornais e televisões pautarem entrevistas com Fedato e Jackson, figuras emblemáticas dos rivais. Ou então traziam histórias e estórias de pelejas memoráveis, galhofas e pancadarias que se passaram ao longo do tempo no grande clássico.

Nada contra, até porque, como disse, eu mesmo me sintonizo por determinados fatos que se eternizam na memória. Mas hoje, especialmente hoje, não. Prometo não lembrar do M.U.C. (de Edison Finkel), nem do E.T.A. (de Doático), quando as torcidas ainda dividiam o espaço do Alto da Glória.

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Também não é o caso de avançar no tempo e no espaço, e prever o que será de um Atletiba em 2026, por exemplo. Será um clássico virtual, quem sabe? Ou talvez nada mais tenhamos, caso a previsão dos fatalistas confirme o fim de tudo em dezembro do ano que vem. Mas, deixa para lá.

O importante é o momento. Hoje tem Atletiba e esta semana derrubaram Kadafi. Nada tenho contra o coronel, e muito menos a favor dele. Mas ouvindo ontem uma reportagem do jornalista Marcos Uchoa, soube que os rebeldes passaram a ele um fato no mínimo bizarro. Segundo eles, o ex-ditador, enquanto no poder, não permitia que a imprensa esportiva nominasse os jogadores de futebol do país, temendo que um Muamar qualquer da vida se tornasse ídolo e ofuscasse o comandante-chefe. Com isso, as escalações das equipes eram apenas numeradas. O time "A" – diziam os narradores – está escalado com o goleiro UM; a zaga com DOIS, TRÊS e QUATRO; o meio-campo CINCO, SEIS...

Genial, coronel! Ótima ideia. Vamos adaptá-la. Bem mais simples do que essa parafernália contagiante de Uiliam, Lean­­dro Thiago, Tiaguinho, Welling­­ton, Sandro, Alex, Alecsandro, Edigar, Everton, Jean, Gian, Juan, Diego, Diogo, Wallyson, Wesley, Vagner, Júnior isso, Júnior aquilo, que rola pelo nosso país do futebol.

Obrigado Kadafi! Chega de saudade. Facilita-me a análise, para concluir que no Atletiba de hoje o professor do time "B" pode ganhar o clássico se o DOZE ficar na sobra e o QUATRO anular o VINTE, contra-atacando de SETE e NOVE na vertical. Mas o OITO e o TREZE devem fazer o "um-dois" nas costas do SEIS. Mas é necessário pegada forte, superação e atitude.

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