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Faltam duas rodadas e meia para terminar o turno do campeonato regional, e as únicas certezas que tenho são a cristalização do Toledo na zona da morte e do Coritiba entre os oito classificados. Aposta que até mãe Diná cravaria sem susto. Nunca mexi com búzios, então prefiro me recolher à insignificância premonitória, pois dela sim não tenho dúvidas de que sou bacharel. Pelo que vi até agora, não arrisco nenhum palpite.

Quero aqui, porém, abordar outro tipo de classificados. São os "classificados" da Gazeta do Povo, que sempre foram referência para anunciar vários tipos negócios na cidade. Creio que os profissionais da área comercial aqui da casa em breve estarão abrindo as portas e as páginas para um novo segmento: a compra e venda de jogadores de futebol.

O futebol virou uma imensa feira de negócios, acabando a identidade do atleta com o clube. Com raras exceções – Rogério Ceni é o maior exemplo –, não há mais vínculo que não seja estritamente comercial. O último dos moicanos, aqui em Curitiba, talvez tenha sido Paulo Baier, que "pecou" pela paixão e carisma na relação com o Atlético. Lúcio Flávio e Alex também fazem parte de um seleto grupo romântico dos artistas da bola. Salários e profissionalismo à parte, o laço afetivo é gratificante para o torcedor.

Vivemos atualmente numa "crise de identidade". A vida moderna, todos nós sabemos, propicia uma fragmentação de identidade. Isso em todos os setores, na família, na política, na religião. Clubes e empresários de futebol, porém, ultrapassam os limites do bom senso. Armaram uma gigantesca tenda de negócios. A mascateação em alta rotatividade, por ganância, virou moeda de troca despudorada. O caixeiro-viajante de hoje, escala, vende e compra sem a mínima ética. E alguns dirigentes black blocs estilhaçam seus próprios clubes, destruindo a harmonia do conjunto que começa a se formar.

A banalização estará completa quando os torcedores entrarem nesse redemoinho, quebrando a última reserva ética que ainda resiste: o vira-casaca. Mas não está longe. Estranhos naming rigths, camisas poluídas e nomes de empresas, até certo ponto justificam o desamor pelo chamado "clube do coração". Isso não demora e seguramente atingirá até as seleções. Aliás, não está tão longe assim. A política já interfere. Muita gente contrária ao governo atual torcerá contra o Brasil na Copa. O eventual título brasileiro, alguns entendem, reelege Dilma, assim como o fracasso da seleção, afetaria o favoritismo da presidenta nas eleições de outubro.

Em suma, o futebol saiu dos eixos e não está preso apenas às páginas esportivas. Invadiu o caderno político, policial e breve chegará aos classificados. Os quesitos hoje são outros, mas ainda é a alegria do povo. Sem o charme da fantasia e sem o cheiro do lança-perfume.

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