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Mesmo pobre em técnica, o Atletiba mexeu com o comportamento do público | Antonio Costa/ Gazeta do Povo
Mesmo pobre em técnica, o Atletiba mexeu com o comportamento do público| Foto: Antonio Costa/ Gazeta do Povo

A sobrevivência faz parte do mundo animal. É ins­­tintivo. Impiedoso. O ser racional, em circunstâncias especiais, também é assim. Mata para não morrer. É a lei da natureza. E quando o devorador, saciado ou agonizante, ataca e liquida o parceiro, o que podemos chamar? Ética. Dignidade.

Ética. Sim, nas armadilhas preparadas para o final do Bra­­sileirão de ontem, as espécies se confrontaram de tal forma que matar passou a ser uma virtude capital. Em várias arenas os gladiadores não tinham outra opção senão matar ou morrer. Era uma questão de sobrevida. De exigência da plateia.

Assim foi o Atletiba de on­­tem. Pobre em técnica e escasso em gols. Mas foi precioso no comportamento do público na dignidade. Como deve ter sido na Arena do Jacaré (?). Mexeu com os sentimentos de atletas e torcedores de várias maneiras.

Antônio Lopes encapsulou seus jogadores para que não soubessem o que se passava com Cea­­rá e Cruzeiro. Até os alto-falantes ficaram mudos. Mas a torcida não ficou calada e soltou o grito.

A cada gol do Cruzeiro, o torcedor do Coritiba explodia. Mas o Rubro-Negro buscou forças sabe lá Deus onde para fazer um gol e ganhar o jogo. O Coritiba foi anêmico. Sonolento. Perdeu o voo para as Américas. O resultado foi justíssimo. No final, as duas torcidas, em paz, saíram alegres. Uma zombando da outra.

Um misto – outra vez – de frustração e autofagia. Um fora da Libertadores; o outro, rebaixado.

Agora é olhar para o horizonte. O jogo da Baixada ainda está fresco, mas já é finado. O Brasilei­­rão deste ano pertence ao passado. De nada adianta ruminar o pretérito. As eleições do Coritiba darão continuidade a um plano administrativo equilibrado.

No Atlético, o caldeirão ferve, o time é instável, mas a instituição é sólida. A disputa política é democrática. Os propósitos são distintos, mas convergem para um mesmo objetivo, que é consolidar nacionalmente o clube.

Não se iludam com o Re­­gional. Este calendário maluco, recomeçando no calor de janeiro, atrapalha a pré-temporada. Como não há sensibilidade nos cartolas para adequar tantos jogos, os clubes devem poupar suas preciosidades. Continuar sempre, sempre, sempre lutando para não cair nacionalmente, é vergonhoso para a envergadura de Atlético e Coritiba. Chega de, na reta final, ser escorraçado a golpes de remo.

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