Como falar da rodada deste fim de semana se a qualquer momento a Justiça pode suspender o campeonato?
O conteúdo dessa coluna no jornal físico (papel) poderia ficar inócuo por tudo o que as atitudes vergonhosas e imprevisíveis da federação vêm causando, ao desrespeitar a logística de clubes, atletas, árbitros, torcedores e mídia. Melhor então é refletir em síntese sobre o histórico da entidade.
Claro que o título acima é apenas força de expressão. Lembrar com saudades (ou saudade, no singular, como queiram os mais conservadores) de “Severiano”, perpetuado por 22 anos, e que foi o cancro maior do futebol paranaense de toda a história é piada. Hélio Cury, que era seu vice, porém, é tão ruim que me permite brincar com esse tipo de pesadelo.
Justiça Desportiva absolve Federação e ‘Atletiba do Youtube’ não teve culpados
Leia a matéria completaA FPF completa em agosto 80 anos. Deveria comemorar a abnegação do trabalho voluntário de homens como Roberto Barroso, Plínio Marinoni, Gêneris Calvo, Motta Ribeiro, Haroldo Alberge e tantos estadistas do futebol paranaense.
O próprio José Milani, polêmico e criticado, foi peça chave para o crescimento do futebol do estado dentro do cenário nacional, quando incluiu o Ferroviário no fechado grupo Rio-São Paulo-Minas-Rio Grande do Sul.
Comemoração octogenária... Qual o quê! De Onaireves para cá, destruíram e leiloaram Pinheirão, sede do Tarumã, e mais do que isso, desmoralizaram a federação – por consequência o futebol paranaense – abocanhando a instituição para fazer dela balcão de negócios ignóbil e criminoso.
Por onde passaram tantos imortais, de 1985 para cá, os nossos clubes tão distraídos (ou impotentes) não perceberam como estavam subtraindo seus bens materiais e morais nas tenebrosas transações de aventureiros que buscam espaço na história do futebol, sem sentir remorso do mal que causam.
Paraná entra na Justiça para melar fase final do Estadual
Leia a matéria completaManobras ardilosas deixaram de eleger gente com a experiência de Rafael Iatauro, por exemplo, com vontade samaritana de prestar serviços ao futebol apenas por paixão. E com enorme bagagem de conhecimento e trânsito dentro do esporte brasileiro.
Lembro-me do ótimo filme Hannah Arendt, história da jornalista e filósofa de origem judaica, que foi cobrir o julgamento do nazista Eichmann, quando resumiu toda uma teoria, mesmo diante de um indivíduo cruel: “O mal é estrutural”, abreviou. Eichmann, para ela, foi um medíocre executor de ordens.
Muitos judeus não a compreenderam e a criticaram. No fundo, porém, a dor de uma descendente era tão forte, que o desprezo pela “importância” de Eichmann seria a melhor forma de rotulá-lo. A forca ficou por conta do Tribunal de Israel.
Sou otimista. Breve a estrutura caduca vai mudar. Onaireves foi preso e deixou o cargo faz tempo. O atual presidente da FPF deve ser destituído pelo “Tribunal dos Clubes” e esquecido. Já.
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