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Foi uma semana em que se deu exagerada importância a erros de arbitragem cometidos durante algumas partidas do Campeonato Brasileiro, como se fossem eles o epicentro do olhar de toda a humanidade, e uma grande injustiça clamasse por socorro.

Não precisa dizer que as imagens do menininho sírio, morto e abandonado na praia, deixaram todas as nossas dores e sofrimentos insignificantes, e a vida sem nenhum significado diante do que vimos. É impossível graduar o sofrimento do pai, a quem o sentimento de compaixão, somente ele, podemos emanar.

Ao mesmo tempo, ainda nesta transição de agosto para setembro, o julgamento e condenação dos torcedores do Santa Cruz, de Recife, trouxe outra vez imagens da barbárie, mostrando a arma do crime: um vaso sanitário.

Trago alguns exemplos para refletir sobre o grau de indignação que muitas vezes parecem descompassados com os fatos. No caso dos erros de arbitragem, não precisa ir tão longe. Qual é a gravidade atribuída a um assistente, por marcar (ou deixar de) um impedimento? Na maioria das situações, o reflexo para decidir está em milésimos de segundos, dentro de uma visão de linha imaginária de poucos centímetros.

Atribuir erros de arbitragem à perseguição, manobra, complô ou coisa que o valha, no meio de uma competição longa, em que tanta coisa pode acontecer, é como se encaixar à lógica do imbecil. Houve erros em finais de Copa do Mundo sem provocar o frenesi que toma conta dos cartolas brasileiros.

Há pessoas que parecem obcecadas em descobrir e enfatizar erros. Alguns fanáticos por cinema descobrem que a cicatriz de um personagem, por exemplo, muda de lado no rosto do ator, durante o filme. Outros percebem o reflexo da câmera de filmagem, como li certa vez, numa das cenas de Titanic, e por aí vai.

A Inglaterra, que inventou o futebol, foi protagonista de três erros históricos durante os mundiais de 1966, 1986 e 2010. No primeiro, decidindo contra a Alemanha, foi favorecida por uma bola que não entrou. Na Copa do México, foi prejudicada pela “Mão de Deus” de Maradona. Na África do Sul, foi vítima de um gol de Lampard, mal anulado, contra a mesma Alemanha. E o que aconteceu? Nada.

Einstein cometeu equívocos científicos. Darwin errou. A única maneira de não cometermos erro, como dizia Confúcio, é fazendo nada. Este, no entanto, é certamente um dos maiores erros que se pode cometer em toda uma existência, dizia.

Face às regras, o futebol é assim mesmo: ou entra em campo a tecnologia da precisão, decidindo todas as dúvidas – como no tênis, atletismo, vôlei, etc. –, ou vira-se a página e bola para frente.

Erro imperdoável é ficarmos indiferentes às grandes falcatruas, desumanidade ou diante das grandes injustiças. Com imagens ou sem elas.

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