Opríncipe da Jordânia não conseguiu encantar a plebe do terceiro mundo e Joseph Blatter ganhou da elite branca. Já esperado. Europeus e norte-americanos se aliaram contra o Führer do futebol, mas não foi ontem o dia “D”para o futebol mundial. A guerra contra a corrupção no esporte mais popular do planeta, no entanto, não acabou. Ao contrário, agora sim deve começar pra valer.

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Há dois tipos de corrupção no futebol, aquela que manipula resultados dentro de campo (ora em desuso), e essa (atualíssima) que atua fora dos gramados, com negociatas e maquinações na venda do produto. Nenhuma delas é originária do futebol. Foram sim adaptadas a ele.

Do boxe e das corridas de cavalo, os gangsteres ensinaram as trapaças. Como subornar árbitros, dopar jogadores e comprar adversários. Práticas retrô que hoje entram até para o folclore do futebol. (Numa próxima edição, quero descrever pelo menos dois casos ocorridos em decisões do Paranaense).

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A partir do momento em que o futebol passou a ser um grande negócio, como qualquer outro de mercado, os bandidos atualizaram os métodos. A ganância atraiu gente séria, outras nem tanto e vigaristas. Ficou difícil frear essa avalanche do roubo protegido – o governo paraguaio, por exemplo, criou uma lei que rege a inviolabilidade do espaço e dos documentos, para proteger as falcatruas da Conmebol. Sem comentários.

Com a entrada dos EUA na briga, é possível criar uma entidade paralela à Fifa, assim como no pugilismo, onde existem FIB, AMB, CMB e OMB, mas só uma é respeitada. O interesse norte-americano é hoje uma questão de estado. Vai além do aspecto comercial. É também um caso de saúde, pelos numerosos traumatismos cranianos que o futebol deles causa. Daí o incentivo pelo soccer, desde que haja seriedade.

Quanto a José Maria Marin, assistindo hoje àquele vídeo de uma solenidade onde ele embolsa na maior cara de pau a medalha que deveria ser entregue a um atleta juvenil, transcrevo aqui o conto de um ladrão surpreendido pelas palavras de Rui Barbosa ao tentar roubar galinhas em seu quintal.

“Não o interpelo pelos bicos de bípedes palmípedes, nem pelo valor intrínseco dos retrocitados galináceos, mas por ousares transpor os umbrais de minha residência. Se foi mera ignorância, perdoo-te, mas se foi para abusar da minha alma prosopopeia, juro pelos tacões metabólicos dos meus calçados que dar-te-ei tamanha bordoada no alto da tua sinagoga que transformarei sua massa encefálica em cinzas cadavéricas”.

O ladrão, todo sem graça, perguntou: “Mas como é, seu Rui, eu posso levar o frango ou não?” É o que Marin deve perguntar ao magistrado suíço antes de extraditá-lo para os Estados Unidos: “Mister, eu não estou entendendo nada. Mas posso levar a minha medalha ou não?”

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