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Fevereiro além de ser um mês enxuto foi escolhido pelos deuses da orgia para zombar os organizadores de festas populares. Mico no Atletiba, mico na entrega do Oscar, mico no carnaval do Rio. Coincidência? Talvez. Uma coisa, porém, é certa: as lambanças abafaram protagonistas, resultados e shows.

Meu recolhimento compulsório durante o curto espaço provocou uma tomada de consciência perante o universo. Quanto desperdício! A vida é muito curta para perdermos tempo com insignificâncias, julgamentos e ódio. Mortes violentas, o que é pior, estão sendo banalizadas. Um horror.

Durante e depois do Atletiba que não aconteceu, o fogo cruzado da federação com os clubes “matou” o episódio mais cruel do clássico: a morte do jovem torcedor Leonardo Henrique Brandão.

Sem conflito com adversários, muito menos com a PM. O espaço noticioso dado ao fato mais importante (a morte) acabou tragado pelo blábláblá dos cartolas. Aliás, Hélio Cury teria sido menos infeliz ao suspender o jogo se alegasse a tragédia como justificativa.

Em 2012, Diego Goncieiro (16), do Paraná Clube, e André Scaramussa (21), do Atlético, morreram de forma trágica, sem nenhum envolvimento em briga ou confusão.

Penso como as famílias desses rapazes lidam com a dor do luto, enquanto picuinhas dos atores do nosso futebol ganham destaque. Afinal, esses rapazes foram mortos no fogo da paixão devotada ao clube. É muito forte. Seus nomes deveriam ser no mínimo respeitados e eternizados. (Nada a ver com gangues e facções criminosas como na execução do líder da Mancha Verde, do Palmeiras).

Precisamos de descontração. Menos fel, mais mel. Falamos com o fígado quando deveria ser com o coração (menos endurecido). Não subserviente, mas focado no real e, por que não, de uma forma dócil.

Assim parto na contramão do clima, da aura, da energia que hoje vigora. Acredito que ainda haja motivo para diversão neste calendário um tanto embaralhado por quatro torneios concomitantes. O melhor deles (dos torneios) é a Copa do Brasil. É legítimo pelo modelo democrático. É divertido pelo cruzamento inédito entre nobres e plebeus.

Acompanhar Brusque e Corinthians, PSTC e São Paulo e outros do nível, é como participar de meia-maratona, do carnaval de rua, dos bailes do antigo Operário. Estádios acanhados, nível técnico distinto, no entanto o público tem brilho nos olhos.

O futebol precisa dessa empatia do torcedor comum com o clube. Pelo menos uma vez ou outra. Ao vivo, não pela internet. É o motivo único para ir ao estádio com espírito de diversão. Desde que o preço do ingresso facilite ao menos o acesso para um pequeno setor do estádio.

Na sabedoria de Buda, “A vida é eterna. Suas expressões são efêmeras. Transitórias. Como um raio. Um pequeno parênteses na eternidade. Criamos alegria para todos ao partilhar amor e sinceridade. Esse momento é valioso ”.

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