O trânsito nas grandes cidades está insuportável. A indústria automotiva cres­ceu de forma desproporcional às estruturas. O po­­der aquisitivo aumentou. Nossa cidade é linda, agradável, desde que não seja dia de semana. E sexta-feira é, disparado, o pior dia para dirigir. Aliás, dirigir hoje só é bom para quem nunca teve automóvel. Antes todos queriam pilotar.

CARREGANDO :)

Dizem que o primeiro carro para o jovem é tão fascinante quanto o primeiro sutiã para a menina. Como o sutiã sempre foi e será mais em conta do que o carro, o fascínio delas vem antes. Lembro-me do tempo em que esperava chover para dar carona de guarda-chuvas. Era a opção do paquerador frustrado da época. Morria de inveja quando perdia a disputa para o sujeito que encostava, abria a porta e recolhia a prenda.

Quando comprei o primeiro automóvel, a concorrência era enorme e já estava amarrado. Paciência! Hoje em dia gosto de sair aos domingos e feriados a pé, e respirar aquela cidade que dificultava minhas conquistas amorosas, mas não me irritava.

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Bem, minha praia agora é outra. Este espaço me é concedido para escrever sobre esporte, e em especial futebol. Pior é que encontro congestionamento também nesta área. Na área, no meio e nas laterais... Tenho visto jogos que mais parecem rúgbi. A bola se esconde no emaranhado do primeiro volante, do segundo meia, do terceiro zagueiro... Os campos parecem cada vez menores.

As medidas continuam as mesmas e o número de atletas também. Mas dobrou a resistência e velocidade dos atletas. Sendo impossível aumentar os gramados, e inconveniente estender o tempo de jogo, o racional seria diminuir gradualmente de onze para dez, depois para nove jogadores para cada lado. Menos retranca, sinal de mais gols. Seria este o caminho para o reencontro com a menina dos olhos – a eterna e enamorada bola. Correndo então solta, sirigaita e ainda protegida carinhosamente pela chuva de gols.

Abecedário

A missão do Paraná em subir para a Primeira Divisão está na mesma proporção de nela o Atlético permanecer: difícil e ao mesmo tempo provável. Prová­­vel por que esta é a faixa sonora onde os dois devem vibrar sempre. Difícil porque além da qualidade técnica é necessário um corpo diretivo em paz, focado e unido. A energia é outra quando o coletivo se sobrepõe às vaidades pessoais. O Coritiba deu o exemplo.

É necessário que hoje o Pa­­raná vença o ABC e o Atlético não perca para o São Paulo. Mas não basta. Este campeonato não é uma corrida de 100 m rasos, tampouco maratona. É necessário resistência, ritmo e uma dose de velocidade controlada. É uma prova de 1.500 m. Equi­­líbrio mental e persistência são fundamentais.

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