O Coritiba passa por um momento de crise técnica que não é oriunda do campo de jogo, mas sim da boca do túnel para dentro dos vestiários. Na derrota de quarta-feira para a Chapecoense, o coro de “Fora Bacellar!” – brado habitual de ‘coxinhas’ e de ‘petralhas’ - foi ouvido pela primeira vez desde a histórica eleição do ano passado.
A pergunta é: como resolver em curto prazo? Lembrando que Bacellar foi eleito pelo voto direto dos associados, com mais de 60% a seu favor, para um mandato que termina o ano que vem. Portanto, só sairá se quiser. E não é este o seu desejo. Sua meta é o equilíbrio financeiro do clube.
Muita gente acreditou que Alex, cabo eleitoral decisivo para derrotar Vilson Ribeiro, seria seu executivo de futebol. Bacellar chegou a dizer que Alex deveria assumir o ônus e o bônus da escolha. Contrariando a expectativa de todos, o ídolo caiu fora antes de entrar. Seu foco era outro.
Com a cadeira de Primeiro Ministro vazia, Bacellar arrastou o sofá do gabinete presidencial, acomodando cinco voluntários para o cargo, com a divisão de tarefas. Não deu certo. Bateram cabeças e a “Caso WhatsApp” esfacelou o quinteto mágico. Todos eles boa gente, mas nenhum com o perfil profissional para o comando do futebol.
Criou-se um vácuo entre o gabinete e os vestiários. Falta no Coritiba, um executivo de futebol operacional, assalariado e muito bem pago. Mas que seja daqui, da cidade. Comprometido com o clube e identificado com o torcedor.
Aquele que não só observa atletas para contratação, mas que representa o clube junto a entidades esportivas. Que elabora orçamento. Que lida com a política de salários. Que está, enfim, acima do técnico, e ao lado da presidência.
Abro um parênteses: Guardiola, Mourinho, e alguns outros à parte, o treinador não pode e nem deve estar acima do gerente, executivo, seja lá o termo que convier. Técnico de futebol é apenas uma função de campo. Uma espécie de assistente de direção, que faz a interlocução entre os atores e o diretor remunerado.
O problema do Coritiba hoje não é se Pachequinho vai dar certo ou errado. Acho que é a peça correta neste transe. Bacellar, que não tem o olfato lá muito aguçado para captar o cheiro do zigue, acertou. O setor necessita porém, de um líder carismático que comande com carta branca o futebol. E que tenha raízes por aqui.
João Carlos Vialle e Jacob Mehl, por exemplo, não são profissionais da área, mas poderiam se tornar. Conhecem o clube e precisam apenas se atualizar com o mercado – e custariam bem menos do que a aposta de Minas, rendendo muito mais.
Domingos Moro, desde que se desvincule da área jurídica do Atlético, é outro nome pontual. Seria, no caso, uma opção meramente profissional, para ele mesmo decidir. O advogado preenche todos os requisitos para o cargo: é carismático, apaixonado, e conhece o mundo da bola como poucos. E, acima de tudo, Moro é coxa-branca.
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