A última célula viva deixada pelo Palestra Itália foi sepultada na quinta-feira com o arremate em leilão judicial da área do Tarumã. O desenlace rendeu uma espécie de seguro de vida que o "Nem que morra" apelido do clube pela raça dos seus jogadores deixou para seus atuais descendentes.
Lembro-me de um jogo que assisti ainda criança no campo do Juventus. O Palestra perdia para o Coritiba por 2 x 0 e virou para 3 x 2. Foi inesquecível. Chovia a cântaros, como diziam os locutores da época. A garra do time era extraída do fundo da alma dos atletas que vestiam sua camisa. Naquele ano chegou ao vice-campeonato.
Gabardinho foi o jogador mais famoso na história do clube. Fez o gol inaugural do "Parque Antártica" e se tornou o primeiro brasileiro a jogar no Milan da Itália. Claro que não conheci esse atleta, mas me consolo ter visto Leônidas, centroavante que chegou a jogar entre Didi e Zizinho na seleção brasileira. E para não ser confundido com o famoso Leônidas da Silva, o jornalista Sandro Moreira, com bom humor, apelidou o ex-palestrino de Leônidas da Selva. Era um tanque.
Na fusão entre Ferroviário e Britânia, o Palestra não cedeu o verde da camisa para o recém-nascido Colorado. Ou a cor não foi aceita, não sei ao certo. A verdade é que o Colorado incorporou um belo patrimônio, mas foi um desastre em campo, acumulando tragédias e vice-campeonatos, até surgir o Paraná Clube, com a estrutura invejável do Pinheiros e a grande torcida do Ferroviário.
Essa "miscigenação" é uma necessidade cósmica. A combinação de códigos genéticos, mesmo com erros, é responsável pela seleção natural perante a evolução da espécie. Vale também para o futebol e o Palestra Itália deixou sua semente na vida do Paraná Clube.
Os R$ 30 milhões levantados na quinta-feira, herdados da paixão e amor de homens do bem, exige respeito e controle rigoroso na sua aplicação. Precisamos sair dessa malha tão densa de negatividade que o futebol se encontra. É necessário resgatar o encanto pelo esporte. O Paraná Clube tem esta oportunidade e seus dirigentes atuais me parecem pessoas de bons propósitos.
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O Palestra Itália merece uma homenagem, mesmo que simbólica. Nada de lápide com palavras, meras palavras. Melhor seria que a cor verde nunca antes usada na bandeira e uniformes de seus descendentes brotasse do solo, daquele campo que os imigrantes italianos, seus fundadores, cultivavam com amor e trabalho.
O zelo por um gramado impecável, portanto, de dimensões maiores que facilite a técnica e elimine a austeridade da pista da Vila Capanema , já seria um ato de gratidão para compensar em parte a herança recebida.
Há de ser uma grama muito verde, tratada com carinho para que não morra nunca. Será um tributo digno do Paraná ao eterno Palestra.
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