O ar de inverno chega para temperar a chapa que anda fervendo por essas bandas. A Curitiba então reservada, e o nosso tímido estado saíram da toca para a grande mídia nacional e além-fronteiras. Nem sempre com apelo positivo, é bem verdade, mas assumindo o papel de protagonistas.
Tudo parece centralizar por aqui. Da fase embrionária da Lava Jato em Londrina, depois fincando o pé na capital, às rápidas passagens pelo escândalo da Carne Fraca e o recente mega-assalto na fronteira Foz, o protagonismo do Paraná ganhou espaço até com o episódio das Coelhinhas da Play Boy.
Aí vem o futebol. Coritiba e Atlético batem de frente com a Primeira Liga, se desligam, e estendem a posição de protesto envolvendo as cotas de tevê para o campeonato regional. E começam neste final de semana uma decisão inédita com imagens pela internet. É a única decisão com equipes na série “A” do Brasileiro fora da telinha.
Por outro lado, depois de trazer MMA, Bocelli e o vôlei para a Arena da Baixada, o Atlético mostrou na quarta-feira - agora pela tevê aberta e canais pagos - todos os ângulos de um grande jogo com o Flamengo. Estádio coberto, grama sintética, e principalmente uma torcida vibrante. Um show de imagens e com enorme audiência em rede nacional.
Ponto. Guardadas as devidas proporções há um quê de lembrança entre o jogo do meio de semana aqui, com a final olímpica do ano passado no Rio. Lá acompanhei ao vivo, e aqui pela televisão. O Maracanã, naquele domingo, foi o palco mais-que-perfeito para levar imagens do ouro olímpico para o resto do mundo. Levou.
A dívida de um bi e duzentos, avalizada por Sérgio Cabral é outra história. Nós, contribuintes, rateamos compulsoriamente e tudo bem (?). Aqui, os R$ 358 milhões de pendência com a Arena, segundo balancete do clube, não ameaça o bolso de ninguém, pois existe a garantia, digamos assim, caucionada pelo patrimônio de R$ 635 mi, segundo avaliação de perícia judicial.
Um estádio confortável e bem acabado é como o corpo sarado. A alma, porém, vem das arquibancadas. As vozes de quarta-feira, agora com decibéis mais elevados, ecoaram na “Vila Capanema” (contra o Santos em 68), no “Couto Pereira” (com o mesmo Flamengo em 83, e no improvisado “Joaquim Américo” do Farinhaque, ali pelos anos 90. A alma não muda.
O espinho dos grandes estádios não está no campo e sim na forma de torná-los sustentáveis. Seul está loteando o campo que sediou a abertura da Copa de 2002, para assegurar a solvência das operações. Um hipermercado é o que alivia os custos de manutenção. E assim tem sido pelo mundo à fora, exceto na Europa.
A pergunta é: o Atlético consegue eventos seguidos e de alto nível para a manutenção da Arena e a quitação do saldo devedor? Espero que sim.
Bem, seja como for, o desafio dentro de campo fica por conta do outro. Enfrentar o Atlético no “Joaquim Américo” é roleta russa com cinco balas no tambor. O Coritiba arrisca puxar o gatilho ou deve travar a arma?
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