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A série de resultados positivos do Atlético em Curitiba, principalmente depois das vitórias contra Botafogo e Palmeiras, reforça a busca de explicações para outros elementos, que vão além do fator Mancini – o guru maior da metamorfose. São muitos quesitos, eu sei, mas a aura que envolve a Vila Capanema tem sido essencial. Voltando um pouco no tempo, entre aquela ciganaria de um Atlético errante, que armou e desarmou barraca em Joinville, Paranaguá e Ponta Grossa, e o "Furacão" de hoje, há um abismo de diferença. O campo do vizinho fez um bem danado.

A Vila acolheu também jogos do Atlético em 1968. Na vitória sobre o Santos houve recorde de público – mais de 24 mil pessoas viram a partida. O time era ótimo. Tinha Djalma Santos, Bellini, Zé Roberto, Sicupira, Nilson Borges e fez grandes resultados, incluindo a goleada de 4 a 0 no Corinthians. A seleção paranaense e o Coritiba também ali ditaram cátedra, sem falar do Paraná Clube, dono da casa e hoje tão imbatível quanto na década de 1990.

Existem certos ícones que nos marcam tanto, que a única coisa que desejamos é que seja infinito enquanto dure. Não sei quanto tempo a Vila Capanema terá de vida, ela que nasceu como o terceiro maior e mais belo estádio do Brasil. Penso que, pelo imbróglio jurídico que ainda perdura em relação à posse definitiva, e pelos novos conceitos de arenas que pipocam por todos os cantos, mais cedo ou mais tarde o Paraná Clube deve levantar a tenda. Afinal, até o legendário Wembley foi derrubado para modernizar. Talvez robustecendo a outra Vila, a Olímpica do Boqueirão. Quem sabe.

O que importa é que hoje, com a curva e camarotes da gestão Miranda somados à apaixonante e séria administração de Rubens Bohlen, o astral da Vila é outro. Renovado. Há um gramado digno. E o cuidado com o campo de jogo é o calibre para avaliar o grau de respeito que se tem com os craques. Se hoje Éderson, Baier, Lúcio Flávio, Marcelo, Conceição e Paulinho encantam, parte se deve à energia deixada pelos pés virtuosos de Garrincha, Zizinho, Nilton Santos, Julinho, Didi e outros mestres da bola que por ali passaram.

Trago dos degraus da Vila grandes lembranças. A maior delas vivida nos jogos da seleção paranaense, onde todos – boca-negras, coxas e atleticanos – agrupavam-se numa só torcida. Era encantador. Inesquecível, por exemplo, o empate Paraná (Fedato, Sano, Mário Ferreira...) e São Paulo (Gilmar, Mauro Ramos, Pepe...), em 1957.

A Vila é o nosso Passeio Público, a pracinha da Ordem, a Estrada da Graciosa. Faz parte da cultura da cidade. Espero que torcedores, dirigentes e atletas do Paraná Clube e do Atlético absorvam este momento mágico. A Vila não precisa de sal grosso. "A vila tem feitiço sem farofa, sem vela e sem vintém, que nos faz bem...(Noel Rosa)".

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