Conversando com um amigo médico sobre o estado pleno de felicidade, ele foi direto ao finalmente: “Isso não existe. A vida é como o gráfico de eletrocardiograma. Ora picos para cima, ora para baixo. Se a linha estiver na horizontal, você entrou em óbito”.
Bom consolo que o doutor Newton me passa para tourear as dificuldades do dia a dia. E é uma verdade, felizmente. O coração rubro-negro, por exemplo, pulsou quarta-feira da semana passada como nunca antes visto, na vitória contra o Flamengo. Gráfico lá em cima. De repente despenca levando seis gols em três dias, para explosão alviverde.
O Coritiba que estava quietinho no seu canto é o favorito para ganhar o título nesse domingo, no seu campo e em cima do arqui-rival. É a arritmia do futebol, seus coágulos, suas cicatrizes, suas transfusões constantes.
Fora do estádio, mas ainda sobre “ele”, também o diagnóstico não é nada favorável ao Atlético. Justo nos dias em que foi humilhado dentro de casa, a tomografia jurídico/financeira aponta uma forte hemorragia. Segundo a ressonância detectada pela Fomento Paraná, até essa sexta-feira, sangra dos cofres rubro-negros 291 milhões de reais de pendência pela construção do estádio.
A Arena está penhorada. Na época do Mundial, o BNDS repassou o dinheiro para o governo, que capitalizou através do F.D.E., instituição administrada pela Fomento, e de lá para o clube, que não quitou. Em síntese, a dívida aumenta cada vez mais, e a CAP S.A. (no fundo, o clube) sem amortizar, não estanca a sangria.
A Fomento tem uma saúde financeira na ordem de R$ 1 bi e 600, e não corre perigo algum de óbito. O patrimônio do Atlético também o garante vivo. Mas os juros acumulados podem levar o paciente rubro-negro da enfermaria para a UTI. É sabido que o Estado (leia-se Fomento) tem o dever e a obrigação, por lei, de contestar o devedor público sempre. O tal “jeitinho”, nem pensar.
Por outro lado, livre de ônus, o “Couto Pereira” é hoje pelas circunstâncias, um velhinho sadio e carregado de energia. Paradoxalmente mais poderoso do que o esbelto paciente da Baixada.
É onde o coxa pode e deve comemorar mais um título, sem culpa pelo inferno astral do momento atleticano.
O resgate do Tarumã
Semana passada estive na re-inauguração do “Almir de Almeida”, no Tarumã, ginásio antigo e abandonado a mais que uma década. Doces lembranças do Curso de Educação Física, por onde ali passaram Levir Culpi, Gilberto Tim, Carlinhos Neves, Riva, Sicupira, Rodolfo Mehl e outros bem sucedidos atletas e professores.
O “Tarumã” foi o grande ícone do vôlei brasileiro entre 1997 e 2003, quando Bernardinho incendiou o público com o timaço do Rexona, de Venturini, Fofão, Érika...
Modernizado, o velho/novo ginásio vai abrigar várias modalidades esportivas de alto rendimento, abrindo também seus espaços para a base escolar e atividades para crianças e adultos especiais.
Uma grande sacada do secretário Douglas Fabrício.