Hoje (27), enquanto almoçava, sentou-se ao meu lado uma senhora idosa (dona Janete) – acredito com mais de 80 anos –, lúcida e simpática. Puxou conversa dizendo que gostava de futebol e me conhecia da televisão. Agradeci e perguntei para quem ela torcia. “Sou coxa. Fanática. Joguei tênis naquelas quadras que havia logo na entrada do ‘Belfort Duarte’, ali pelos anos de 1950”, disse.
Tirou um jornal da bolsa e perguntou-me: “É verdade que não haverá transmissões dos jogos pelo pay-per-view?”. “Na tevê aberta, pela RPC sim. Mas sem os jogos de Coritiba e Atlético”, respondi. “Então não posso ver os jogos do Coxa? Antes eu ia ao ‘Couto Pereira’ que é perto de casa, mas agora está complicado”, completou, com ar de tristeza.
Sem entrar no mérito das negociações financeiras, no momento quem mais perde é o clube e o torcedor. A tevê criou o hábito. Promove o jogador. Atrai patrocínio. Estimula. Dá visual.
Tenho minhas dúvidas se o Coritiba está certo em negociar dentro dos padrões “táticos” do Atlético. Inter e Grêmio ficaram em lados opostos no contrato com o Esporte Interativo a partir de 2019. Também Palmeiras e Santos em relação a São Paulo e Corinthians. Acho que são decisões muito individuais. É um jogo de xadrez. Requer profundo estudo das consequências.
Qual é a melhor jogada? Será que estou movendo bem as peças? Muitas são as regras no jogo dos negócios, assim como no xadrez. A maioria dos enxadristas consegue prever várias jogadas a frente.
Lembro-me dos anos 70 e 80, por aí, onde os grandes enxadristas eram Bobby Fischer, dos EUA, e Karpov, da ex-URSS. Fischer havia derrotado um pouco antes o também soviético Spasski. Tornou-se então unanimidade mundial.
Fischer era carismático, genial. Foi o ídolo de toda uma geração ligada ao xadrez. Garry Kasparov, um menino de apenas nove anos, também era seu fã. Encantava-se muito mais com Fischer do que com os conterrâneos Spassky e Karpov. Fischer deixou os Estados Unidos para receber cidadania islandesa onde se exilou até a morte.
Kasparov cresceu, aprimorou a técnica do ídolo, e mesmo sem cruzar uma única vez com ele, é considerado até hoje o maior enxadrista de todos os tempos. Aos 53 anos de idade, dizem, é a pessoa viva mais inteligente do mundo.
Q.I. elevado não significa necessariamente poder e/ou dinheiro. Einstein os desprezava. Usar a inteligência para dar rumo à vida é uma questão de livre arbítrio. O gênio, porém, erra menos. (O Q.I. de Bill Gates acusa 192; de Eike Batista... não sei).
Voltando ao tabuleiro do futebol, entendo que um negócio para ser inteligente, deve ser bom para os três lados: clube, tevê e torcedor. Negociar bem é antever com sabedoria. O futebol daqui tem características próprias. Curitiba não é Porto Alegre. Não é Manchester.
Pena que dona Janete não possa assistir aos jogos do Coritiba neste regional!
“Os grandes mestres do xadrez de todos os tempos estavam vinculados com os valores da sociedade em que trabalham e vivem (Garry Kasparov)”
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