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Hoje é o último dia para os quatro principais candidatos à presidência da Argentina oficializar a busca ao trono da Casa Rosada. Se nenhum vulcão político surpreender, Cristina Kirchner ganha por nocaute no primeiro assalto, e mantém o cinturão. O futebol e a política sempre caminharam juntos, até porque sendo o esporte mais popular, torna-se redundante o interesse do poder público por este segmento.

Vivemos, porém, outros tempos nesta Argentina que mistura política com futebol. O lado pobre do país é hoje mais escancarado. Vê-se a face oculta que os anos de chumbo da Copa de 78 escondiam. Na ditadura tudo era festa. Tudo era farsa. Videla condecorava Havelange na cerimônia de inauguração. Muito próximo ao estádio do River, porém, funcionava a Auschwitz argentina da Escola de Mecânica da Armada, que exterminava presos políticos.

Na época, o jornalismo vivia amordaçado. Não havia contestação, exceto por parte de corajosos intelectuais, artistas (como Mercedes Sosa) e civis contundentes. Os demais eram banidos ou assassinados. Hoje, pelo menos, dá para dizer que a inflação aqui está beirando os 30% ao ano, embora oficialmente o governo negue e fale em 10%. Ninguém é preso por isso.

Bem, a temperatura da Copa América está começando a borbulhar. O inverno chegou forte por aqui. A seleção da Argentina é favorita, mas longe da proporção alcançada pela viúva e atual presidente, na esfera política.

O Uruguai vem com moral, o Paraguai está forte e o Brasil ganhou quatro das últimas cinco edições. Existe certo equilíbrio. Também não há aquele clima de guerra de uma época em que se chamava Campeonato Sul-Americano. Hoje existe uma consciência maior de integração latino-americana. Longe de ser o ideal, é verdade, mas cresceu muito.

Pois é. Assim começo a virar outra página de uma vida cigana. Apaixonado pelo futebol e por esta América Latina. E nada melhor do que acordar aqui em Cardales, nesta confortável área verde onde está instalado o QG da Gazeta do Povo, ouvindo a voz sagrada de Mercedes Sosa: "Gracias a la vida que me ha dado tanto; que me ha dado la marcha de mis pies cansados; con ellos anduve ciudades y chacos; playas y desiertos, montañas y llanos; y la casa tuya, tu calle tu patio".

Máxima dos argentinos

O importante não é ganhar. O importante é competir sem perder nem empatar.

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