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A repercussão provocada pelo gás de pimenta, que suspendeu o clássico Boca x River, na quinta-feira, repercute em Buenos Aires – e por extensão em toda Argentina – numa proporção tão grande quanto a misteriosa morte do promotor Alberto Nisman, em janeiro passado.

A paixão e a violência, seja na política ou futebol, são irmãs siamesas naquele país. Tanto num caso como no outro, não dá para confiar nos responsáveis pela segurança local. Logo depois de ver as imagens da Bombonera, o secretário federal da segurança, Sergio Berni, teve a cara de pau de dizer – pasmem! – que não houve nenhum incidente no estádio.

A violência que envolve o futebol ocorre em toda parte do mundo e nos mais diversos níveis. O que difere a situação de quinta-feira, porém, é que ninguém sabia o que fazer. Foram duas horas de paralisação, com os jogadores no campo, a barra brava – o equivalente às nossas organizadas – cantando, o árbitro com medo de tomar uma decisão, e o delegado da Conmebol (um boliviano) consultando seus superiores em Assunção, por telefone... Um show de incompetência.

O que aconteceu na Bombonera foi a antítese da “Batalha do Centro Cívico”. Em Curitiba, a polícia deu um tiro de canhão para matar uma formiga. Em Buenos Aires não havia segurança capaz de inibir um celerado atirador de gás de pimenta, e alguns atiradores de garrafas plásticas. São dois extremos vergonhosos.

Não sei qual será a punição ao Boca, se é que haverá punição. Lembro de um fato ocorrido no estádio San Siro, durante o também superclássico Milan e Inter. Dida, que era o goleiro do Milan, foi atingido por um objeto vindo da torcida contrária. A Uefa deu o jogo por terminado faltando um bom tempo, com o resultado de 3 a 0 a favor do Milan (que vencia por 1 a 0) e puniu a Inter com quatro jogos de portões fechados, e multa de 200 mil euros. O que serve de exemplo para todos os sul-americanos.

A polícia de Buenos Aires diz que não falhou, e sim o clube organizador que negligenciou na segurança interna. O que até certo ponto faz sentido, se lembrarmos do episódio de Atlético e Vasco em Joinville, mas que não justifica a passividade e o despreparo para o imprevisto.

A Conmebol deu o prazo até às 14 horas deste sábado para que o Boca apresente um relato sobre o sucedido. Depois disso, os togados senhores da entidade sediada no Paraguai, podem emitir uma sanção disciplinar. O mais provável é que se dê a partida por perdida pelos donos da casa, o que classifica o River Plate.

Até aí tudo bem. Mas por que a demora, a dúvida, o medo, se o mundo da bola já deu o seu veredito pouco depois da meia-noite de quinta-feira?

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