Houve o tempo onde se catava à unha alguém para presidir um clube ou entidade de futebol. Amigos se reuniam para convencer o escolhido a sacrificar seus afazeres e aceitar o cargo. Não se buscava no perfil da pessoa, qualidades como a ética e a decência. Isso era natural. A questão era apenas de tempo disponível e paixão.

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Claro que os dias atuais exigem alguma coisa além de tempo e paixão. No entanto, o frenesi que antecede as eleições de um clube, tem levado candidatos (e partidários) à euforia de uma Black Friday. E, uma vez eleitos, se acham donos do clube e não largam o bastão. Há exceções.

Tempos atrás, recebi por correio eletrônico, uma reclamação, digamos, pouco civilizada do atual presidente do Atlético, se dizendo indignado pelo fato de o colunista mencionar que Jofre Cabral e Silva foi o maior presidente da história do clube. O fato de discordar de uma simples avaliação seria tão normal quanto entender a coerência na linha beligerante do cartola, não fosse ele mesmo o emissário do próprio “voto”, esbanjando modéstia ao escrever: “Eu fui o melhor”.

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Lembrei-me do episódio ao saber da caçada da Justiça dos EUA (por que eles e não nós?) a Del Nero e Teixeira, que “justificam” o ilícito dizendo que são eles que geram riquezas para as entidades que presidem. O que não é verdade e que por si só não lhes daria nenhum direito. Afinal, a entidade não lhes pertence. Clubes e entidades são como a flor para a abelha e para a vespa. A abelha pode fazer dela o seu mel e a vespa pode fazer o seu veneno. E a culpa não é da flor.

Jofre não foi apenas o maior presidente do Atlético, foi o maior entre todos aqueles que presidiram clubes sociais e de futebol – comandou o erguimento das sedes do Curitibano e do Santa Mônica (o maior da América Latina).

A parte material era pouco para ele. Foi além, dando alma aos clubes sociais e ao Rubro-Negro. Tirou o Atlético do subsolo do fundo do poço, para formar um dos maiores times de todos os tempos. Talvez o atual presidente do Atlético, que é gaúcho, não saiba de toda a história de quem deu a vida pelo clube.

O líder verdadeiro é popular, dá voz às massas. Aglutina, não divide. É a voz da paixão e da alegria, não da discórdia. Não se compara porque transcende. É eterno.

Hoje, clubes e entidades representam a fartura para engordar a conta bancária da maioria de quem os dirige.

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Avesso

Antagônicos no perfil diretivo, Coritiba e Vasco lutam neste domingo para não cair. Bacellar, presidente do Coritiba, é casto para lidar com o futebol. Limpo e transparente como pessoa. Bom caráter. Eurico Miranda é o avesso, do avesso, do avesso. E o Vasco da Gama, como instituição, às vezes é confundido com quem dele faz uso. Nenhum dos dois clubes deveria cair.