Dia desses tive a felicidade de conhecer o perfil esportivo de Júlio Siqueira, médico cirurgião e figura humana maravilhosa. Por influência do seu tio Lalá, um goleiro que saiu do Ferroviário para o melhor time do mundo o Santos de Pelé, Zito, Pepe e Cia., ele é hoje um torcedor paranista. O doutor Júlio me falava sobre a "fábrica" de técnicos que o Paraná Clube produz.
Juntos, enumeramos alguns, como Levir Culpi, Adilson Batista, Zetti, Caio Júnior e Cuca, além do preparador físico do Atlético e da seleção, Carlinhos Neves. Neste rol dá para incluir Marcelo Oliveira, que após quebrar uma série invicta do Coritiba no clássico do ano passado em Paranaguá, luziu como uma nova estrela na constelação de treinadores.
O interessante é que por esta fábrica tricolor já passaram produtos com o selo da qualidade de Minelli, Lazaroni e Luxemburgo, o que de certa forma explica o molde que o Paraná Clube possui de criar e recriar sempre um novo produto.
Agora a bola da vez é Ricardo Pinto. Neste trabalho difícil de resgate, o ex-goleiro tem demonstrado tamanha eficiência, que pode neutralizar uma concordata iminente. Ricardo faz trabalho artesanal em um momento de tecnologia avançada. E está conseguindo agregar todos os operários que até greve promoveram para salvar a indústria da insolvência.
Longe de qualquer apologia ao conceito imposto pelo Inter dos anos 70 "jogador ideal dever ter 1,85 m de altura, ou mais" , entendo que hoje, carente de um conjunto como o do Coritiba, por exemplo, e sem jogadores diferenciados, a opção do jogo aéreo (e de cobranças de bola parada) é um recurso útil como foi para o Atlético de Baier, Rodolfo e Manoel. Ricardo pediu, pelo menos, a contratação de jogadores altos. Está correto.
Voltando à observação do Dr. Siqueira, vejo este lado que dá ao profissional técnico a ferramenta para criar um bom produto, como algo interessante, mas na medida em que a empresa também engorde suas finanças.
Apesar de alguns erros cometidos, a capacitação em formar novos treinadores made in Vila, é um ponto positivo do Tricolor. Por isso, muitos técnicos buscam no Senai Paranista, o melhor curso profissionalizante para o reconhecimento midiático. Desconfio que haja neste processo, o gene de Darci Piana.