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Poderia ser apenas mais um simples jogo classificatório na carreira de Emanuel. Ou, quando muito, acrescentado pelo recheio bizarro do enfrentamento com dois parceiros e amigos, agora naturalizados georgianos. Mas foi muito mais do que isso o que aconteceu ontem para o melhor jogador do mundo de vôlei de praia.

Sem nenhum protocolo, Kobe Bryant, o atleta mais bem pago do mundo entre os mais de dez mil que aqui estão (24,5 milhões de euros por ano), foi ao Chaoyang Park para reverenciar o nosso curitibano, assistindo ao jogo a poucos metros da tribuna onde estávamos – eu com o colega Carlos Vicelli.

Depois da vitória em dupla com Ricardo, Emanuel disse-me que havia falado rapidamente com Kobe na Vila Olímpica, mas que não sabia que ele estaria presente no jogo.

A verdade é que existem entre famosos, aparições espontâneas e diplomáticas. Espontâneo, por exemplo, foi o gesto em certa ocasião de Chico Buarque prestigiando Mercedes Sosa na platéia do Canecão. Já a ida de Platini na decisão do mundial de futebol de areia, no mês passado, em Marselha, foi protocolar.

No caso de Kobe, ele estava mesmo a fim de descontrair no ambiente alegre que o vôlei de praia oferece, e conhecer ao vivo a técnica do medalhista de ouro de Atenas.

Já Emanuel mantém a mesma simplicidade como se estivesse nas escolinhas de base do Clube Curitibano. É uma grandeza de caráter e de espírito que está enraizada na sua essência. Esta humildade, própria dos verdadeiros, não é passada nem vista pela televisão.

Aquele breve encontro na Vila Olímpica entre estas duas genialidades colapsou um processo de reencontro. Assim como se fora Jorge Amado visitando Neruda, ou Carreras retribuindo a Plácido Domingo.

Generosidade, companheirismo e gratidão entre quaisquer seres humanos são dignificantes. Quando se trata de exemplos públicos de talentos do nível de Emanuel e Kobe Bryant, é cósmico.

Em busca do tempo perdido

Falando em valores, a revista Forbes coloca nesta semana Ronaldinho como o terceiro maior salário entre todos os atletas que disputam os Jogos de Pequim. Além de Kobe Bryant, apenas outro astro da NBA, LeBron James, supera o futebolista. Ganhando atualmente 23,2 milhões de euros por ano, Gaúcho encosta nos norte-americanos e é, por isso, destaque todos os dias na imprensa chinesa – hoje inclusive foi contra capa do China Daily.

Já classificado, o Brasil deve jogar nas quartas-de-final contra Camarões ou Itália. Camarões eliminou o Brasil em 2000, e Ronaldinho é o único remanescente. Não dá para considerar a atuação dele nem a goleada contra a Nova Zelândia como "espetacular". O grau de dificuldade, que nas provas de ginástica e saltos ornamentais serve como referencial, se fosse aplicado a uma partida na qual o adversário tinha apenas três profissionais, não dá para empolgar.

De qualquer forma, serviu para dar confiança e Ronaldinho tenta atenuar os fracassos da última Copa e da Olimpíada de Sydney.

E até as cores, segundo a superstição e/ou sabedoria chinesa, nos favoreceram. O azul, dizem eles, relaxa os músculos e favorece a meditação, dando tranqüilidade. Mas seu uso constante, advertem, pode gerar preguiça. Então que volte a cor amarela, que estimula o cérebro e ativa o tônus muscular. O azul pode ficar para os hermanos.

edson@edsonmilitao.com.br

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