Cidade do Cabo - Estive na Cidade do Cabo em março, mas não havia subido na "Mesa da Mon­­tanha", marco desta bela cidade sul-africana. Acho maçante visitar monumentos turísticos badalados (Muralhas da China, Pirâmides, Cristo Reden­­tor...), mas para uma primeira vez, vá lá.

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Domingo lá estive e o panorama do alto é muito interessante. Nada que se compare ao Rio de Janeiro visto do Pão de Açucar, mas é agradável. Entre centenas de turistas, nenhum uruguaio, pelo menos que tenha visto. Eles não passam por um bom mo­­­mento econômico e também não acreditavam na Celeste.

Na volta do teleférico, um en­­tusiasmado fotógrafo brasileiro ditava cátedra, apontando para a Robben Island: "A maior tortura para Mandela durante seu cárcere na ilha foi contemplar este pa­­raíso milenar".

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Penso que não. Madiba transitava (e transita) numa outra faixa vibratória. Espírito evoluí­­do como o dele, não sofreria com es­­te tipo de visão não palpável, mes­­mo em se tratando da famosa cadeia de montanhas. Seres especiais como ele preocupam-se com a essência, não com o aqui e agora.

Uruguai e Holanda vieram pa­­ra a África centrados na essência, e ontem se encontraram em um grande jogo. A alma uruguaia, facilitada pelo impulso sutil do treinador Oscar Tabárez, foi sublime. Dentro do campo, seus guerreiros superaram os limites das grades técnicas, valorizaram o jogo e quase empataram no fi­­nal. Saíram aplaudidos por 60 mil pessoas no Green Point.

Mas o céu noturno sobre o fundo azul-escuro tinha pinceladas laranja. Os artistas da bola foram Robben e Sneijder. Pinta­ram o sete. Foram estrelas que se abriram como coroas brilhantes. Ganharam o jogo e iluminaram o caminho para o título.

Agora é certeza, um país europeu vencerá este Mundial. E se hoje der Espanha, uma nova seleção subirá ao pódio. Será a oitava maravilha a se juntar com as sete ganhadoras até então. A Holanda é a bola da vez, e vai para a terceira decisão de uma Copa.

Ao longo da história, eles sempre foram taticamente criativos. E criativo é aquele que sabe ocultar de onde vem a sua criatividade, porque reconhece o sutil. Por isso, talvez, conhecer a oitava ma­­ra­­vilha não seja uma obsessão pa­­ra os holandeses. Mas, para uma primeira vez, vá lá.

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